"Uma democratização do microcrédito", define Carla de Góes, coordenadora de projetos da Casa da Mulher do Nordeste, uma cooperativa de produção em Recife. Carla refere-se às mudanças no Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado, aprovadas pelo Conselho deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
Para Carla, a dificuldade do pequeno empreendedor era dar o aval aos bancos oficiais. Com o programa, a idéia é acabar com a necessidade de garantias. Em vez de recolher o empréstimo no banco, os pequenos empreendedores poderão fazê-lo por meio de uma cooperativa de crédito, uma agência de fomento, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) ou Sociedade de Crédito ao Microempreendedor (SCM).
"A grande dificuldade que a gente tinha é que os bancos oficiais solicitavam sempre o aval, seja penhor de máquina, bem ou pessoa física. A idéia (do programa) é que se potencialize as instituições que trabalham com o microcrédito", afirmou.
O programa estabelece juros de até 4% ao mês para pessoas físicas e jurídicas que têm faturamento bruto anual de R$ 60 mil. O prazo de pagamento do financiamento é de 24 meses, com três de carência. Para Carla, o limite dos juros é alto, mas não é preciso pagar taxa para ter o crédito.
"A gente achou os juros altos, mas há um diferencial que é o pagamento em 24 meses. Estamos trabalhando com taxa de 4%, mas, em compensação, não tem taxa de abertura de crédito, que normalmente os microcréditos têm, além da de juros".