Filhos de agricultores aprendem a ser empreendedores rurais

Após um ano de experiências levando 80 alunos da rede municipal de ensino para o ambiente rural produtivo, a Emater e a Prefeitura de Apucarana confirmam resultados positivos. As visitas serão repetidas neste ano letivo em forma de projeto educacional às demais escolas interessadas. A idéia surgiu com objetivo de buscar a valorização da realidade familiar rural, incluindo-a na educação básica para formação de futuros empreendedores rurais. Além disso, incentiva a preparação dos jovens para a sucessão na propriedade agrícola, afirma a economista doméstica Jandira Valmórbida, gerente da unidade municipal da Emater.

Jandira lembra que a experiência começou no início do ano letivo de 2004 e envolveu alunos da 1a a 4a série do ensino fundamental do Colégio Estadual Padre Antônio Vieira, do distrito apucaranense de Correia de Freitas. Eles participaram, em tempo integral, das atividades, que foram consideradas parte integrante da educação formal, através de uma grade curricular com aulas práticas e teóricas.

"Em parceria com a direção da escola, foi identificado o perfil dos alunos, a maioria filhos de agricultores, que entram às 8h e saem às 16h da escola, e que querem aumentar seu conhecimento baseado na realidade em que vivem. A Emater, em conjunto com o Departamento Municipal de Agricultura, montou um calendário de atividades de cada turma e professor indicado pela escola. Todas as terças-feiras foram desenvolvidas ações educativas rurais na própria escola e visitas monitoradas em propriedades rurais do município", detalha Jandira.

Dentre as atividades educativas rurais programadas estão as datas cívicas e comemorativas, com alunos plantando árvores, protegendo rios, cuidando dos cultivos e das criações e organizando o jardim e, em especial a horta escolar, que fornece o alimento da merenda diária. A empolgação dos participantes durante o período da visita monitorada é grande e sempre acompanhada de elevada curiosidade, exigindo dos agricultores visitados respostas na ponta da língua para atender a saraivada de perguntas, como aconteceu com Maria Regina Caldeira Bertasso, do Sítio São Francisco, de 22 alqueires da Comunidade São Francisco que tentou tirar as dúvidas sobre a produção de ovos caipiras.

No sítio Cortez, de 47 alqueires, localizado na Água da Raposa, quem recepcionou os alunos foi Pedro Henrique de 14 anos, neto de João Cortinove Bovo e participante ativo da lida diária rural, sem se descuidar da sua condição de aluno para conquistar notas altas no boletim do Colégio Platão, onde estuda, e das aulas de inglês que faz em curso particular na cidade. "É o orgulho da família e é quem vai dar continuidade na produção do sítio", garante mãe Ivone, vendo a desenvoltura do filho como professor especial naquele momento.

A educadora Roseli de Fátima Felício, diretora do colégio parceiro da experiência, comenta sua intenção de ampliar a experiência para atender futuramente todos os alunos. "Esse complemento na educação formal para alunos de tempo integral e filhos de famílias rurais permite à escola criar verdadeiros cidadãos, dando-lhes a visão da importância do campo como produtor de alimentos e comprometendo-os em valorizar o próprio meio em que vivem", ressaltou.

Jandira Valmórbida lembra que "a criança não perde o vínculo com a sua realidade, aprende coisas novas e ainda contribui para elevar o padrão tecnológico da própria família". Considerações que o padre Valter, nome popular do prefeito reeleito Valter Pegorer, assina em baixo. "A parceria está conseguindo o crescimento cultural das crianças, aumentando-lhes o gosto pela terra e permitindo prestar ajuda aos seus pais na aplicação de novos conhecimentos".

O aluno André Natal Bertoli, de 9 anos, da 3a série, filho de Ivone e Jair, do Sítio São João, localizado na Comunidade Rio do Cerne, sintetiza a experiência que será incrementada no município de Apucarana com um sonoro e feliz argumento. "É maravilhosa".

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