Brasília – Obras de Cândido Portinari, um dos mais importantes pintores brasileiros, poderão ser levadas a alunos de toda a rede pública de ensino do país. A idéia de distribuir o catálogo Raisonné, que reúne todas as obras de Portinari, nas escolas e bibliotecas públicas brasileiras começou a ser desenhada nesta terça-feira (9), em Brasília, durante encontro entre o ministro da Educação, Fernando Haddad, e o professor da Universidade Católica do Rio de Janeiro João Cândido Portinari, filho do pintor.
De acordo com o professor, as obras de Portinari representam um grande retrato do Brasil sob os todos os aspectos – social, histórico e religioso – e sempre mostram o trabalho no campo e na cidade. O catálogo é resultado de uma pesquisa que durou 28 anos e resultou em cinco mil obras e 30 mil documentos que foram reunidos numa coleção de cinco volumes e um CD-Rom.
?Temos 12 mil recortes de periódicos, nove mil cartas que foram trocadas entre Portinari e seus contemporâneos e 1.200 fotografias de época. Um trabalho minucioso, rigoroso, sistemático, que resultou na publicação do catálogo Raisonné?, explicou o professor. Segundo ele, Raisonné significa a obra completa de um artista catalogada em ordem cronológica e com todas as informações sobre cada obra, como citações em jornais e revistas, por exemplo. O catálogo, acrescentou, é o único da América Latina.
?Procurei o ministro com a idéia de que o catálogo não deveria se restringir a uma elite econômica. É claro que, sendo cinco volumes, com cinco mil ilustrações a cores, ele é um produto caro de se comprar nas livrarias e, paradoxalmente, restrito a uma minoria de pessoas que podem compra-lo?, argumentou. Nas livrarias o catálogo custa R$ 2 mil.
Segundo estimativas do professor, se forem produzidos 50 mil exemplares, o custo do catálogo cairia para R$ 150 a unidade. ?Com esse número de exemplares, 35 milhões de alunos poderiam ser beneficiados?, avaliou.
Para João Cândido Portinari, o acesso dos alunos às obras de Portinari estimularia o sentimento afetivo das crianças em relação ao país. ?Sabemos que a criança tem uma percepção extraordinária daquilo que ela vê. Então, colocar essas cinco mil obras e a história de vida de Portinari, que foi uma criança pobre e chegou a ilustrar com um dos seus murais a sede da ONU [Organização das Nações Unidas], é uma idéia absolutamente revolucionária, que aponta para o Brasil que sonhamos, em que as crianças tomam posse da sua realidade e do conhecimento do seu país e da sua história?.