As filhas de Saddam Hussein, Raghad e Rana, assistiram pela TV os últimos momentos do ex-ditador e disseram estar orgulhosas de ver que seu pai enfrentou seus executores sem se acovardar, disse hoje seu porta-voz. Saddam foi enforcado hoje no edifício de seu antigo serviço de inteligência em Bagdá. Algumas testemunhas disseram que a execução ocorreu minutos antes das 6 horas; outras citam 6h10 (1h10 em Brasília).
Raghad, de 38 anos, e Rana, de 34, exiladas na Jordânia, haviam pedido que Saddam fosse enterrado no Iêmen até que o Iraque fosse "libertado", mas o premiê xiita Nuri al-Maliki disse que provavelmente o corpo será enterrado em algum lugar secreto no Iraque. O governador de Salahuddin, província natal de Saddam, disse estar negociando com o governo para que o corpo seja enterrado no povoado de sua família em Awja, perto de Tikrit, junto de seus filhos Udai e Qusai, mortos por soldados americanos em 2003.
Saddam foi executado quatro dias depois que a Corte de Apelações iraquiana ratificou a condenação à morte pelo massacre de 148 pessoas em Dujail em 1982. O massacre ocorreu depois que Saddam foi alvo de um fracassado atentado nessa cidade xiita. O conselheiro de Segurança Nacional, Muafaq al-Rubai, informou que as execuções dos outros dois acusados pela matança de Dujail – o meio-irmão de Saddam, Barzan al-Tikrit, e o ex-presidente do tribunal revolucionário, Awad al-Bandar – foram adiadas no último momento para destacar a morte de Saddam. Os co-acusados serão executados após o Eid al-Adha, a festa muçulmana do sacrifício que termina na quinta-feira.
Maliki pediu ontem aos seguidores de Saddam que reconsiderem suas táticas e se unam ao processo político. A execução do ex-ditador foi recebida com festa pela maioria xiita e há temores de que o fato crie um maior ressentimento entre a minoria sunita, que dominou o Iraque durante o regime de Saddam.
Em Awja, os moradores do vilarejo reagiram com fúria ao enforcamento e disseram que Saddam se tornou o mártir da luta contra o governo apoiado pelos EUA. Mas parentes de vítimas comemoraram. "Agora ele está no lixo da história", disse o xiita Jawad Abdul-Aziz, que perdeu seu pai, 3 irmãos e 22 primos na matança de Dujail. Ali Hamza, um professor xiita, comemorou com tiros para o ar. "Agora as famílias das vítimas estão felizes, pois Saddam teve uma condenação justa", disse.