Constrangida, a Fifa decidiu investigar um de seus vice-presidentes por um escândalo envolvendo não apenas a venda ilegal de ingressos durante a Copa do Mundo, mas também o desvio de recursos que eram para projetos sociais. A polêmica ocorre em torno de Jack Warner, um forte aliado do presidente da entidade, Joseph Blatter, e que teria lucrado em mais de US$ 1 milhão na venda de ingressos no Mundial.
Curiosamente, o caso não será enviado ao recém criado Comitê de Ética da organização. Blatter justificou que isso não poderia ocorrer, já que o novo órgão poderia tratar de temas que somente ocorressem a partir de agora. A solução foi enviar o caso ao Comitê Disciplinar.
Warner é membro da Fifa desde 1983 e presidente da Concacaf (Américas do Norte e Central e Caribe). Ele também é o todo-poderoso chefe da associação de futebol de Trinidad e Tobago, país que participou pela primeira vez da Copa neste ano. O vice-presidente, porém, teria usado sua própria agência de viagem no país para vender pacotes para a Copa do Mundo com os ingressos que sua associação recebeu, cerca de 5 mil.
Warner foi nesta sexta-feira (15) à reunião do Comitê Executivo da Fifa com seus advogados, que apresentaram sua defesa. O que a entidade vai debater agora, porém, é apenas a alegação de que ele teria vendido 180 ingressos no Mundial. Depois de ser um dos principais cabos eleitorais de Blatter na Fifa, Warner está misteriosamente recebendo um tratamento diferenciado no atual escândalo. Blatter já sabia dos problemas desde maio, quando recebeu um documento de uma consultoria apontando as irregularidades. Hoje, em uma conferência de imprensa em Zurique o cartola suíço apenas disse que "todos têm o direito de se defender".
Blatter ainda se mostrou irritado com o fato de que o tema tenha vazado aos jornais ingleses nos últimos dias e prometeu "identificar" como a informação sobre o escândalo saiu das salas da Fifa.
O mesmo direito de defesa anunciado por Blatter, porém, parece não ter sido observado no caso de outro autor de irregularidades o do africano Ismail Bhamjee, que foi pego vendendo 12 ingressos na Copa do Mundo. Bhamjee foi expulso da Fifa e da Alemanha durante o Mundial.