A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) manifestou apoio à montadora Volkswagen na busca de uma solução que reduza os riscos de demissões na planta da empresa em São José dos Pinhais. A posição foi transmitida pelo presidente da entidade, Rodrigo da Rocha Loures, à diretora de Assuntos Governamentais da montadora, Elizabeth de Carvalhaes, em reunião do Conselho Automotivo nesta segunda-feira (15/05), no Palácio Iguaçu, em Curitiba.
O presidente da Fiep observou que as dificuldades vividas pela montadora são em conseqüência de erros na condução da política econômica, que penalizam todo o setor produtivo nacional. "O câmbio é a atual fonte de preocupação, mas é preciso rever toda uma cesta de itens macroeconômicos que impedem o Brasil de crescer. O país não incentiva a produção e sim o rentismo. Vivemos para pagar juros", disse.
Loures destacou que a indústria automotiva é importante não apenas pelo que representa em termos de emprego e renda, mas pelos efeitos positivos que gera em toda a cadeia produtiva estadual. "Ela tem uma importância maior que é a agregação de valor na questão tecnológica. Quando as indústrias automotivas vieram para a Região Metropolitana, promoveram uma melhoria dos nossos conhecimentos, que se propagou por toda a economia", disse.
Hoje, o Paraná possui quatro montadoras: Volvo (caminhões e ônibus), Audi/Volkswagen, Renault e Nissan (carros). Em 2005 o setor material de transportes (autopeças incluídas) teve participação de 20% nas vendas industriais, com um total de 23.500 empregos diretos.
Desindustrializacão – "Nós percorremos todo o Paraná em reuniões e eu posso dizer que a questão é grave", adicionou o presidente da Fiep, sustentando que é urgente o estabelecimento de uma política que promova uma revitalização não só do setor automotivo, mas de toda a indústria brasileira. "Temos de encontrar uma solução, senão daqui a dois, três anos – ou até mesmo antes – estaremos debatendo a chegada dos carros chineses e o desemprego por conta da desindustrialização". Os primeiros sinais deste fenômeno já começam a aparecer, com algumas empresas fechando portas no Brasil para se instalar no exterior.
O presidente da Fiep assinalou que todos os países que cresceram de forma consistente basearam seu desempenho em dois elementos: crédito barato e câmbio desvalorizado. "Nós estamos exatamente na contramão", afirmou. A política econômica em curso no país, caracterizada por dólar sobrevalorizado e juros elevados, além de carga tributária excessiva, tem levado à perda de produtividade e competitividade da produção brasileira, refletindo-se no risco de demissões nas indústrias e na degradação de indicadores sociais, como a violência crescente.