Quando o domingo amanheceu, cerca de 25 mil pessoas já estavam na enorme praça da Basílica Nacional de Aparecida (SP) para o encontro histórico com o papa Bento XVI. Grande parte dos fiéis era composta por grupos de latino-americanos que vieram de pelo menos dez países, desde o México até o Chile. "Passamos a noite cantando e dançando", disse, abatida mas alegre, a boliviana Ximena Canedo, 26 anos, engenheira comercial que mora em Sucre.
Depois de quatro dias de viagem, de trem e ônibus, ela e a amiga Aide Porcel, 19 anos, chegaram a Aparecida no sábado à tarde numa caravana de 300 pessoas. Foram para um hotel mas preferiram passar a noite em festa, ao lado de outros grupos que acamparam na praça da basílica. "Depois a gente dorme, talvez à tarde", disse Aide.
Estrangeiros como Ximena e Aide foram os que mais requisitaram atendimento médico no mini-hospital de campanha que o Exército montou no meio da praça da basílica. Das 22 horas de sábado até as 7 da manhã do domingo, ali baixaram 254 pessoas com alterações de pressão, hipoglicemia e problemas do gênero. "Pelo menos 70% eram estrangeiros, que passaram por longas horas de viagem, comeram mal e não dormiram", contou um militar. "Muitos perderam a hora de tomar seus remédios de uso contínuo.
As caravanas latino-americanas mais numerosas eram a colombiana, a chilena e a argentina, mas havia grupos do Peru, Uruguai, Venezuela, Costa Rica, Paraguai, Equador e de outros países da América Central e Caribe.
Brasileiras de Brasília, Valdemira Teles e Valquíria Rocha também passaram boa parte da madrugada na praça da basílica. "Que dormir, que nada, ficamos todos acordados desde que chegamos aqui", contou Valdemira, uma professora aposentada, 55 anos. "E ninguém passou mal", garantiu Valquíria, funcionária pública de 45 anos. O grupo de Brasília, com 42 pessoas, viajou durante 14 horas para chegar a Aparecida, por volta das 4 horas da manhã.