O presidente Fernando Henrique Cardoso reforçou hoje as campanhas dos candidatos tucanos à Presidência, José Serra, e ao governo paulista, Geraldo Alckmin. Além de adotar o discurso da “continuidade sem continuismo” lançado por Serra, ele declarou, em entrevista, que é favorável à realização de um maior número de debates entre os candidatos, posição defendida pelo candidato do PSDB ao Planalto. A idéia é forçar o petista Luiz Inácio Lula da Silva a se expor mais na televisão.
“Eu sou partidário ardoroso do diálogo, da conversa, é preciso explicar as coisas, é preciso dizer a cada um ao que veio. A opção que nós vamos fazer precisa ficar clara, qual é o caminho”, disse FHC. “O País tem de sentir a direção para qual vai, eu não acho bom que se vote sem saber”, afirmou Fernando Henrique. Para ele, “sobretudo no segundo turno”, é preciso que o Brasil “sinta concretamente o caminho que está sendo trilhado”. Na campanha para sua reeleição, em 1998, Fernando Henrique não aceitou participar de nenhum debate contra Lula.
Fernando Henrique aproveiou seu discurso, durante a inauguração de mais um trecho do Rodoanel Mário Covas em São Paulo, para dar estocadas indiretas em alguns adversários políticos. “A Prefeitura não conseguiu colocar um tostão nesta obra, da cidade de São Paulo. Dois terços são do Estado, um terço é federal. Não tem importância, sou paulistano, esse terço vale para a cidade”, disse, referindo-se ao fato que a Prefeitura, administrada pela petista Marta Suplicy, não ter contribuído com a parte que lhe cabia no projeto do Rodoanel.
Sobrou até para o candidato derrotado do PPB ao governo do Estado, Paulo Maluf. “Mesmo aqueles que haviam prometido esta obra há 30 anos, ainda no governo (Laudo) Natel, não cito o nome do secretário de Obras da época, porque ele diz que fez tudo em São Paulo, não conseguiram fazer nada, a não ser palavras.” Maluf, na verdade, ocupou a Secretaria dos Transportes do governo Natel.
Norte-Sul
Fernando Henrique reservou agrados a pelo menos um adversário, o senador José Sarney (PMDB), que agora apóia Lula. “Nós fomos críticos da (ferrovia) Norte-Sul na época, erradamente, nós não haviamos compreendido a grandeza daquela obra e eu rendi homenagem a aquele que havia compreendido, até porque ele era de lá e sabia mais de perto, que foi o presidente Sarney”, afirmou. “E ao invés de ficar com picuinhas, fizemos a obra, estamos avançando na Norte-Sul.”
Impedido pela legislação eleitoral de participar da inauguração, Alckmin foi citado várias vezes por Fernando Henrique, pelo ministro dos Transportes, João Henrique de Almeida Souza, e pelo secretário estadual dos Transportes, Luiz Carlos Davi. “Nós vamos continuar mudando o Brasil. A obra de Mário Covas será perpetuada aqui, o governador Geraldo Alckmin está trabalhando nesta direção. Não está falando, está fazendo”, ressaltou o presidente. “Eu lamento que o Geraldo não esteja aqui. Mas, se me permitem, eu o represento. É contra o protocolo, mas não é contra a lei.”