O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu hoje os principais comandantes dos partidos governistas para pedir mais ânimo de todos até o dia da eleição. Apesar do discurso otimista do presidente quanto à eleição presidencial, afirmando que não se deve jogar a toalha e que ainda é possível uma virada, todos, inclusive ele, reconhecem dificuldade em mudar o quadro a favor do candidato tucano à Presidência da República, José Serra. O esforço geral agora é garantir a eleição do maior número possível de governadores do grupo governista.
O governador eleito de Minas Gerais e presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB), o primeiro a sair do encontro tucano, afirmou: ?Eleição não se ganha de véspera. Espero dos eleitos, quaisquer que sejam, disposição para o diálogo, pois a situação internacional e do País é delicada?. Cumprindo o roteiro de presidente do PSDB, o deputado José Aníbal (SP), afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso ainda acredita que ?há tempo suficiente para uma virada na eleição?.
Aníbal salientou que o forte apoio recebido hoje ontem Recife revela um forte nível de adesão a Serra. Ele disse que isto tem se repetido em Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul. ?Vamos continuar avançando. Não há motivos para perder o que já conseguimos?.
Aníbal disse ainda que até o dia da eleição seu partido poderá comprovar que os compromissos que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, está assumindo nos palanques são incompatíveis com o ajuste das contas públicas: ?Enquanto eles falam em um superávit fiscal de 5% do PIB, nos palanques prometem aumentos de verbas e do salário mínimo. Ou será um estelionato eleitoral que começa a ser percebido pelo eleitor ou ele vai fazer voltar a inflação?.
Segundo afirmou Aécio, após a reunião, o PSDB vai definir depois do dia 28 que tipo de oposição fará na eventual vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. A uma pergunta sobre a possibilidade de participação do PSDB em uma coalizão com um eventual governo petista, ele respondeu que não é hora de se fazer esse tipo de negociação. Disse que ?o papel do PSDB será de oposição?, mas fez a ressalva de que não considera decidida a eleição presidencial.
Além de Fernando Henrique, Aécio Neves e Aníbal, participaram do encontro os líderes do PSDB na Câmara e no Senado, deputado Jutahy Magalhães Júnior (BA); o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), o líder do Governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), o governador de Tocantins, Siqueira Campos (PFL), o senador Eduardo Campos (PFL-TO), o deputado Heráclito Fortes (PFL-PI), o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP) o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA), os deputados eleitos pelo PMDB Moreira Franco (RJ) e Eliseu Padilha (RS) e o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcellos (PMDB).
Na reunião, o presidente Fernando Henrique Cardoso recomendou aos dirigentes do PMDB, PSDB e PFL que mantenham o otimismo na campanha de Serra, para não prejudicar a eleição de candidatos a governador no segundo turno. Segundo Arthur Virgílio, Fernando Henrique pediu a todos os aliados para lutarem até o último momento. ?O presidente pediu mais luta, para que não entreguemos o ouro, não joguemos a toalha, que lutemos?, disse Virgílio. ?Vamos trabalhar com a idéia fixa de virar o jogo e evitar que o Brasil se desgoverne?.
O líder disse ainda que o PSDB continuará durante o próximo governo, ?defendendo as reformas importantes para o Brasil, reformas que cabeças opacas negaram? ao longo da administração de Fernando Henrique. Ele antecipou que, em relação a isso, o partido não mudará sua posição: ?Adotará o mesmo figurino, o mesmo peso. O PSDB não será oposição de apito?, disse, numa referência a manifestações da oposição no plenário da Câmara, com apitos, durante votações polêmicas.
O líder fez a ressalva, porém, de que não considera decidida a eleição e que isso só ocorrerá no próximo domingo. Ele procurou evitar falar sobre eventual disposição dos partidos aliados ao governo em relação a negociações para futuras composições, mas admitiu que o PSDB quer conversar para montar um acordo. ?Isso, porém, não significa aceitar que o PT venha a eleger os presidentes da Câmara e do Senado?, disse Virgílio.