O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) colocou nesta segunda-feira (17) mais lenha na fogueira da discussão sobre as privatizações, tema que está acirrando o cenário eleitoral do segundo turno e dividindo tucanos e petistas. Ao comentar o assunto em entrevista à Rádio CBN, FHC declarou: "Não sou contrário à privatização da Petrobras", mas argumentou que "ninguém irá privatizar a estatal", numa tímida defesa do candidato de sua legenda à Presidência, Geraldo Alckmin. O ex-governador de São Paulo vem sendo acusado pelo adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ter planos de privatizar essa e outras estatais, caso seja eleito nessas eleições.
Na entrevista à CBN, o ex-presidente Fernando Henrique classificou de "arcaica" toda a polêmica em torno do tema privatizações. E criticou duramente a gestão Lula: "A Petrobrás tem que ser outra coisa, uma empresa pública. E não como está sendo usada, para fins políticos. Pode ver para quem eles dão publicidade, pode olhar, é para fins políticos." Ele utilizou o mesmo argumento para falar do Banco do Brasil. "O Banco do Brasil tem que ser uma empresa pública e não (ser utilizado) para o valerioduto. Isso está errado. Tem empresas que devem ser do governo, mas não devem ser usadas por um partido. E empresas que não tem sentido em estar no governo e devem ser privatizadas.
Na defesa das privatizações da sua administração, o ex-presidente tucano disse que se os bancos estaduais não tivessem passado por este processo, estariam hoje envolvidos em corrupção e contribuindo para o aumento da inflação. Ele disse também que a Embraer (privatizada no governo Itamar Franco) e a Companhia Vale do Rio Doce (privatizada no seu governo) são hoje exemplos para o mundo, "para a glória nacional". A respeito da privatização no setor de telefonia, alfinetou: "Se foi errado, porque o governo Lula não mexeu e não reestatizou? Isso é demagogia.
Ainda nas críticas ao governo Lula, o tucano afirmou que os petistas estão mentindo ao País, ao dizer que privatizar é vender patrimônio público. "Estão mentindo ao País e estimulando uma visão atrasada do que é o Brasil. Estamos perdendo tempo e vamos ficar para trás discutindo o passado." A respeito do questionamento do dinheiro da venda das estatais em sua gestão, o ex-presidente voltou a atacar: "Um presidente (Lula) que ainda pergunta isso não pode ser presidente da República, porque ele sabe para onde foi, o dinheiro foi para diminuir as dívidas do Brasil. O dinheiro foi para o Tesouro. Todo mundo poderia perguntar isso, menos quem é dono do Tesouro." E emendou: "E se não foi, (Lula) deveria processar todo mundo. Se calou. Agora é demagogia.