O ex- presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lidere um processo de mudanças para ajudar a combater a corrupção no Brasil que inclua a reforma política e o afastamento mais rápido dos envolvidos em supostas irregularidades e mudança no sistema de elaboração do orçamento. "Cabe ao presidente da República comandar um processo de reforma nessas questões", declarou Fernando Henrique após proferir palestra na Universidade Santa Úrsula, em Botafogo, na zona sul do Rio.
O ex-presidente defendeu a mudança do sistema de voto, constituição do voto distrital misto e o fim das emendas individuais dos parlamentares ao orçamento, com a instituição do que chamou de "emendas coletivas estruturantes". "O que existe hoje é a falsa emenda coletiva", afirmou, condenando o recurso de parlamentares ao orçamento para obter recursos para obras em seus redutos eleitorais.
Segundo FHC, corrupção é uma questão moral e individual, mas o sistema eleitoral brasileiro facilita. O presidente afirmou que, pelo sistema atual de eleição, os parlamentares devem seus votos não ao eleitor, mas aos redutos em que foram obtidos, como igrejas, sindicatos e outras categorias.
O ex-presidente defendeu também o afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado enquanto durarem as investigações sobre seu suposto envolvimento com um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Embora ressaltasse não ser mais senador e por isso não estar acompanhando o caso de perto, FHC disse não querer prejulgar o senador alagoano, afirmou: "Vou dizer o que disse o senador Pedro Simon: É melhor, fica mais fácil, se ele se afastar".