A reedição da ampla aliança que o levou ao Planalto por duas vezes é a principal ajuda que o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende oferecer ao candidato José Serra neste segundo turno. Fernando Henrique defende uma costura maior, que acrescente o PFL e o PTB à aliança já formada entre o PSDB e o PMDB.

Fernando Henrique e Serra devem se reunir amanhã para discutir o assunto, quando o presidente também vai sugerir ao candidato o nome do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, para ajudar na articulação de uma aliança maior.

A primeira dificuldade, porém, será convencer Bornhausen, que no primeiro turno apoiou Ciro Gomes (PFL), a mergulhar na campanha tucana. Por isso, hoje  mesmo Fernando Henrique já estava atrás do presidente do PFL.

O segundo passo será convencer o próprio Serra a aceitar Bornhausen. A resistência de Serra ao PFL, aliás, foi um dos motivos alegados por Bornhausen para apoiar a candidatura de Ciro Gomes no primeiro turno. Indagado certa vez por que não havia sido possível um acerto com Serra, Bornhausen foi irônico: “Não houve conversa, porque ele nunca quis conversar conosco.”

Apesar disso, há uma boa chance de que o plano de Fernando Henrique dê certo. À essa altura, Serra não poderia dispensar nenhum apoio. Além disso, Bornhausen já declarou que jamais apoiaria Lula. Há algumas semanas, em entrevista ao Estado, ele já havia antecipado sua posição. “Se ficar entre Lula e Serra, votarei em Serra”, afirmou Bornhausen.

Quanto ao PTB, sigla que ficou com Ciro no primeiro turno, Fernando Henrique também não tem maiores receios. Ele lembra que até há pouco o PTB estava no governo, até com ministérios, e não teria nenhum motivo para ficar com Lula no segundo turno.

Uma vez refeita a coalizão, o próximo passo será transformar o segundo turno em um plebiscito sobre o programa do PT. Na conversa que Fernando Henrique teve com um amigo após a eleição, o presidente defendeu uma campanha de esclarecimento sobre o programa do PT.

A pergunta básica que deve ser formulada, defendeu o presidente, é se 50% mais um da população brasileira apóia o programa do PT. Para isso, ele acha que Serra precisa mostrar no horário eleitoral e nos debates o verdadeiro programa do PT, removendo o que os tucanos chamam de “maquiagem” feita pelo publicitário Duda Mendonça na imagem do Lula.

De acordo com Fernando Henrique, “essa parte cosmética” ficou no primeiro turno. Agora, a avaliação é que Serra e Lula vão ficar mais expostos. Assim como Serra não poderá mais esconder que é governo, Lula também terá de explicar os problemas das administrações do PT ou o relacionamento do partido com corporações e movimentos sindicais.

Estados

Por isso, Fernando Henrique também defende uma maior aproximação de Serra com os candidatos ao governo que enfrentarão o PT nos Estados, como em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso do Sul. A votação expressiva que candidatos de oposição ao PT tiveram nesses Estados animou os tucanos.

A idéia é aproveitar a campanha de Germano Rigotto (PMDB) no Sul  por exemplo, para dar visibilidade nacional dos problemas que a administração de Olívio Dutra (PT) enfrentou no Rio Grande. Além das críticas ao governo Olívio, como a saída da fábrica Ford do Estado, seriam exploradas frases de Lula em apoio ao líder cubano Fidel Castro e ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

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