FHC acha que a população ainda não liga Lula a denúncias

São Paulo – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avalia que o resultado da pesquisa Datafolha divulgada no final de semana indica que a população ainda não fez uma ligação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a crise enfrentada pelo governo federal. "É como se ele não fosse presidente do Brasil", disse FHC, ressaltando, no entanto, que Lula vem registrando uma queda nas últimas três pesquisas realizadas pelo instituto.

Questionado se acredita que esta relação entre Lula e denúncias de corrupção aparecerá em breve nas pesquisas de opinião, FHC argumentou que esta é uma tendência que depende do discurso da oposição e da própria sociedade. "Você tem que dizer: ‘Se o presidente não sabia de nada, não tem a ver com isso, com o que é que ele tem a ver?’", indagou. "Como é que você pode governar o Brasil sem prestar atenção nestes fatos?"

Fernando Henrique ponderou, no entanto, que, para que este objetivo seja alcançado, é preciso evitar um discurso capaz de "vitimizar" Lula. "Isso tem que chegar até o povo de uma maneira correta. Também não adianta ‘vitimizar’ o presidente, que, aí, isso dá um efeito contrário."

Em resposta à idéia de que os dados da pesquisa podem sugerir que o discurso da ética será insuficiente para vencer a eleição, Fernando Henrique assegurou que tal discurso já teve um efeito em parcela do eleitorado. "O discurso da ética sempre cola em um segmento do eleitorado. Já colou. O presidente Lula perdeu grande parte da classe média em função deste discurso", emendou o ex-presidente.

Segundo FHC, a questão que se coloca neste momento é, se o discurso da ética será eficiente por si só, ou se é preciso criar uma relação entre ele e a capacidade de conduzir o governo de forma eficiente. FHC lembrou, por exemplo, a necessidade de se apontar no discurso eleitoral os elevados gastos do governo federal, o que, no futuro, poderá se traduzir em um aumento de impostos, criando um cenário prejudicial à população.

Ainda em relação à pesquisa, FHC defendeu que a eleição se dá entre pessoas e não entre partidos. "São os candidatos que têm que se apresentar ao eleitorado e que têm que mostrar ao País que eles têm um caminho", disse, acrescentando que não adianta apenas olhar e criticar a ação do governo federal. Perguntado sobre, se o tucano Geraldo Alckmin possui as condições para assumir este papel, FHC afirmou: "Não tenho dúvida."

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