O efeito da valorização cambial veio para ficar por um bom tempo e deve contribuir para taxas menores de inflação medidas pelos IGPs (Índices Gerais de Preços) no segundo semestre este ano. A avaliação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo o economista, após romper a barreira psicológica de R$ 2, o dólar deve continuar mais baixo, e contribuir para reduzir diretamente ou indiretamente os preços de produtos cujo comportamento são influenciados pelo dólar. Isso contribuirá para taxas mensais menores dos indicadores inflacionários – o que deve puxar para baixo o acumulado em 12 meses dos IGPs.

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"É um movimento que não dá para prever quanto tempo vai demorar, mas que não parece ser oportunista", disse. "Já está claro para todo mundo, inclusive para a indústria, que esse movimento ainda vai se aprofundar (de valorização do real ante o dólar). A entrada de capital está se dando por vários canais, não só por causa de uma oportunidade que a taxa de juros oferece. Como é o caso de investimentos estrangeiros diretos", afirmou.

Ele comentou que não é possível dizer que as taxas mais baixas registradas pelos IGPs nos últimos dois meses tiveram como principal fator de influência a valorização cambial. Isso porque o período de safra e colheita no setor agrícola elevou muito a oferta desse tipo de produto, tanto no atacado quanto no varejo – o que derrubou os preços agrícolas, puxando para baixo as taxas dos IGPs.

"Mas agora, com o efeito benéfico da colheita já acabando, daqui a um mês, podemos visualizar melhor a influência do câmbio nos IGPs", disse, afirmando que, para os resultados dos indicadores inflacionários, "faz muita diferença" a cotação da moeda norte-americana se posicionar abaixo de R$ 2. Quadros lembrou que, não faz muito tempo o cenário era de dólar em torno de R$ 2 13 a R$ 2,14.

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A FGV divulgou nesta quarta-feira (16) o índice de inflação de maio, pelo IGP-10, que foi de apenas 0,09%.