Mais três montagens entram em cartaz na programação do ?33º Festival Nacional de Teatro ? Fenata?, nesta quarta-feira (09), entre as quais a peça Barrela, inadequada para menores de 16 anos, que ganha encenação pela Companhia Teatral Confraria Tambor (Uberlândia-MG), no Auditório da Reitoria do Campus Central da UEPG (Praça Santos Andrade, S/Nº – sessão às 21h / ingressos a R$ 2,00). Com entrada franca pelas dependências do Teatro Marista (Rua Rodrigues Alves, 701 ? sessão às 14h), a segunda montagem se dirige especialmente ao público infanto-juvenil, marcando a presença de outra companhia teatral de Uberlândia, a Trupe de Truões, que apresenta o espetáculo Rapunzel.
De Angra dos Reis (RJ), o grupo fluminense Teatral Cutucurim faz a terceira apresentação do programa de hoje, encenando O Auto do Trabalhador pelo Calçadão da Coronel Cláudio (sessão às 10h). No caso de mau tempo, segundo informa a coordenação do Fenata, o espetáculo de rua será transferido para o ?hall? de entrada do Bloco C do Campus Central da UEPG. Com mais quatro espetáculos em sua programação (dois para crianças e dois na categoria adulto), o ?Fenata 2005? prossegue até sexta-feira próxima, quando será realizada a solenidade oficial de premiação e encerramento no Teatro Marista.
Barrela ? ?Houve um caso, em Santos (SP), que me chocou profundamente: um garoto foi preso por uma besteira e, na cadeia, foi currado. Quando saiu, dois dias depois, matou quatro dos caras que estavam com ele na cela. Fiquei tão chocado com esse negócio todo que escrevi a Barrela?. Com essa declaração, Plínio Marcos revelou como surgiu sua primeira peça teatral, que ganhou uma nova concepção de montagem pela Companhia Teatral Confraria Tambor (Uberlândia-MG), sob a direção de Yaska Antunes. ?E dei o nome de Barrela, que é a borra que sobra do sabão de cinzas e que, na época, era a gíria que se usava para curra?, contou ele.
No momento em que o rapaz foi jogado numa cela, no meio da madrugada, já estava instaurado um clima de tensão entre dois dos cinco criminosos presos ali: Bereco, Tirica, Portuga, Fumaça e Louco. Como um ?homem de alta periculosidade?, e por isso mesmo respeitado por todos, Bereco destaca-se como o ?xerife?, o que manda no lugar. O confronto pessoal entre Tirica e Portuga dissimula o jogo de poder e o interesse de cada um em se tornar o ?dono? da cela. Todos querem o lugar de Bereco.
No decorrer da situação dramática, a tensão vai aumentando, gradativamente, até culminar em estupro e morte. Antes disso, porém, quase todos violentam o garoto, o rapaz jogado ali por causa de uma briga de bar. ?A peça retrata a realidade em que a brutalidade da situação limite da prisão só pode levar a um embrutecimento ainda maior desses indivíduos, transformando-os em ?máquinas? de matar ao lutar pela própria vida?, reflete Yaska Antunes. (Duração: 60 min).
Infantil ? A companhia mineira ?Trupe de Truões? (Uberlândia), com base no texto de Leonardo Simões, promete bons momentos de entretenimento para a criançada. ?Eu tive uma patroa alemã uma vez que chamava isso aqui com outro nome. É! Lá na língua enrolada que ela falava rabanete era Rapunt-zel…?, conta a empregada doméstica Celestina, que transforma sua área de serviço em cenário para o conto de fadas Rapunzel, sob a direção de Paulo Merísio e do próprio autor.
O espetáculo envolve um casal de alemães, Hildegarda e Nicolau ? ela, grávida, tem desejo fortíssimo de comer rabanetes; e ele, com medo, pula o muro da vizinha para roubar alguns. A vizinha impõe uma condição: ?ela deixa Hildegarda comer todos os rabanetes, rapôncios e rapunzéis de seu terreno, desde que a criança seja dela?. Assim, começa a história da menina de longas tranças, que permanece presa numa torre pela bruxa até a chegada do príncipe. (Duração: 45 min.).
Trabalhador ? Inspirada em um folhetim de João Siqueira, com adaptação e direção de Mário dos Anjos, a peça O Auto do Trabalhador enfoca a história de José e Maria, um casal de nordestinos que tem sua vida de sofrimento modificada, quando um anjo carteiro visita Maria e anuncia que ela terá um filho e, juntamente com José, terá que se deslocar para a cidade do Rio de Janeiro.
Ao chegarem à ?cidade maravilhosa?, Maria e José vão até a casa de seus primos Isabel e Zacarias, que moram numa favela, onde são revistados por policiais e bandidos ? eles procuram emprego e não encontram. Numa dessas andanças, Maria acaba tendo o filho numa fila do INSS. O Auto do Trabalhador mistura símbolos folclóricos de diversas regiões do país, em meio a fatos e situações atuais da sociedade brasileira.