A Ferropar, subconcessionária que gerencia os 248 quilômetros da Ferroeste, ferrovia que liga Guarapuava e Cascavel, fechou o mês de julho transportando apenas 125 mil toneladas de cargas. Segundo o contrato, a empresa deveria escoar pelo menos 360 mil toneladas por mês. É mais uma constatação que o governo do Estado vai levar em conta para a retomar a gestão da ferrovia.
O diagnóstico foi feito pelo diretor-técnico da Ferroeste, Leopoldo Campos. ?A Ferropar continua sem atingir as metas estipuladas contratualmente. Os números estão muito aquém do que a economia do Paraná necessita?, afirmou durante a inspeção técnica-operacional.
O diretor ressaltou que a Ferropar é dependente da ALL para transportar suas cargas. ?Somente 7% destas cargas foram transportadas utilizando exclusivamente a frota da Ferropar. O restante é escoado utilizando o material rodante da América Latina Logística (ALL)?, detalhou Campos.
Se for considerado o período de 1997 até 2005, a empresa deixou de transportar cerca de 12 milhões de toneladas. Pelo contrato de subconcessão, a Ferropar deveria ter escoado 20 milhões de toneladas, contudo apenas 8 milhões passaram pelos trilhos da empresa até hoje.
A pouca capacidade da Ferropar em transportar a produção do Oeste do Estado é causada pela falta de aquisição locomotivas e vagões por parte da empresa, explicou o diretor.
A Ferropar possui apenas 4 locomotivas – sendo que, durante a inspeção, três estavam em manutenção no pátio de Guarapuava – e 55 vagões. Contudo, o edital definiu que, para atender a demanda da ferrovia, seria necessária a aquisição de 60 locomotivas e 732 vagões graneleiros.
?A empresa não está cumprindo com a sua finalidade. Desde o inicio do contrato de sub-concessão a Ferropar ficou sempre muito aquém das metas estipuladas?, reiterou o diretor-presidente da Ferroeste, Martin Roeder.
ANTT
As constatações feitas pelo diretor-técnico da Ferroeste, são reforçadas pelo relatório de abril da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Segundo o estudo da agência reguladora, a pouca capacidade da Ferropar em escoar a produção agrícola é causada pela falta de aquisição de frota de locomotivas e vagões por parte da empresa.
?Os reflexos da falta de material rodante da Ferropar ficam evidenciados quando verifica-se que a subconcessionária transportou, exclusivamente com sua frota, cerca de 6% das 105.548 toneladas transportadas em março de 2005?, apontou o relatório á época.
Outro ponto questionado pela ANTT é a falta de Aparelhos de Mudança de Via (AMV) elétricos ou de mola ao longo da ferrovia. Segundo a agência, isso acarreta a diminuição da velocidade dos trens comerciais e resulta no aumento do tempo da viagem, ?com o agravante da Ferropar adotar o sistema de monocondução, o que obriga o maquinista a descer da locomotiva para operar os aparelhos de manobra?, destacou o levantamento.