Enquanto o presidente Fernando Henrique e seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, mantêm o clima de bons amigos, auxiliares do novo governo continuam na tática de mostrar as diferenças. Hoje, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, fez questão de responder à declaração de Fernando Henrique de que foram “retóricas de palanque” as críticas de Lula e do futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na reunião ministerial da véspera.

“Estou com espírito de ano-novo, mas de qualquer maneira vou responder ao presidente. Nós não só não estamos no palanque, como desde junho temos ajudado a resolver os problemas do Brasil. Vale lembrar o acordo com o FMI. Eu já disse e quero repetir: o presidente Fernando Henrique sabe que o eleitorado já fez este diagnóstico nas eleições”, disse, ao chegar no escritório de transição. “O que Palocci disse foi em nome de todos nós, foi o que o País já disse nas urnas. Não estamos no palanque e vamos governar a partir do dia 1.º.”

Sobre a possibilidade de as críticas acirrarem as diferenças com o PSDB no Congresso, Dirceu disse: “O PSDB está na oposição, o PSDB vai fazer oposição. No Congresso é uma questão de proposta política, de agenda para o País. Não é tititi, como diz o presidente, nem nhenhenhém, é política. Então, vamos tratar de política”.

Para ele, Fernando Henrique precisa aprender a receber críticas. “É preciso ser democrata, aprender a receber crítica. Como nós estamos aprendendo a ser governo e a receber críticas, para o bem do País, é bom para o presidente que está saindo que também saiba receber críticas, não só elogios”, disse. “Aliás, ele tem sido muito elogiado no último mês, não tem do que reclamar.”

Ele negou que o alerta de que a situação é ruim seja uma justificativa para um eventual fracasso: “Não vamos fracassar no governo”, assegurou. “O Brasil já conhece o PT, o PT governa cidades e Estados importantes. Temos programas consistentes, equipe competente e objetivos claros para este primeiro ano de governo. Vamos fazer um governo à altura do nosso povo e do momento histórico.”

Dirceu ainda deu uma estocada. “Mesmo na área social, muitos problemas surgiram para impulsionar candidaturas, surgiram por interesse eleitoral, faltou planejamento. Mas para não dizer que não saímos do palanque, vou parar por aqui.”

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