A história da Fórmula 1 registra que quem perde o controle nas decisões do Mundial, quando definido na última etapa da temporada, é Michael Schumacher e não Fernando Alonso. Agora, porém, está acontecendo o contrário. Em 1994 e 1997, o alemão provocou acidentes na tentativa de beneficiar-se, demonstrando seus nervos à flor da pele, mas desta vez quem está atirando para todo lado, num sinal evidente de desespero de causa, é Alonso. Ontem, no Japão, repassou à fornecedora de pneus da Renault, a Michelin, responsabilidade maior da que já tem: ‘Espero que eles nos dêem algo a mais para essas duas corridas finais.
O espanhol dá sinais de que sentiu o golpe representado pela reação de Schumacher, que ao vencer o GP da China empatou com ele em pontos (116), mas assumiu o primeiro lugar na classificação por ter uma vitória a mais – sete contra seis. Primeiro, atacou o próprio time. Alonso criticou a celebração por seu 2.º lugar e o 3.º do companheiro, Giancarlo Fisichella, na prova de Xangai, domingo. ‘Eles parecem preferir esse resultado a outro’, falou, dando a entender que a Renault estaria mais interessada em ser campeã de construtores do que de pilotos. Em seguida, as vítimas de Alonso, que em 2007 irá para a McLaren, foram Fisichella e o diretor-geral Flavio Briatore, este por ter autorizado o italiano a ultrapassá-lo no GP da China.
Ontem sobrou para a francesa Michelin. Segundo disse, muito do que poderá fazer no GP do Japão, no fim de semana, e depois na etapa de São Paulo, dia 22, em Interlagos, está diretamente relacionado à performance dos pneus. Ninguém questiona. Mas, como tem sido comum, em especial quando fala com a imprensa espanhola, o piloto cobrou mais desempenho do fabricante francês.
Na corrida de Xangai, enquanto o asfalto estava molhado, a Michelin permitia maior velocidade a seus pilotos. Quando a pista secou, se equivalia com a Bridgestone, marca usada pela Ferrari.
A primeira sessão de treinos livres da prova japonesa começa hoje às 23 horas (de Brasília), 11 horas de sexta-feira em Suzuka. O Japão está 12 horas adiante em relação ao horário de Brasília.
Ontem ainda chegavam caixas com equipamentos das escuderias provenientes da China, sempre sob tempo bastante encoberto. Hoje todos os pilotos, que nos últimos dias participaram de uma maratona de eventos promocionais, estarão em Suzuka.
O clima de tensão na Ferrari depois de Alonso abrir 25 pontos para Schumacher em seguida à etapa de Montreal transferiu-se para a Renault, conforme o comportamento de Alonso sugere. O alemão tem seu primeiro match point domingo: se vencer o GP do Japão e o espanhol não marcar pontos, comemora o oitavo título da carreira.