Este será o ano do La Niña. O fenômeno, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, começou a ser notado pelos meteorologistas. Ao contrário do que ocorre com El Niño, quando as águas do Oceano Pacífico Equatorial sofrem um aquecimento anormal – como se fosse água em ebulição -, o La Niña, que também pode durar até um ano e meio, tem as águas com temperaturas abaixo de 23 graus

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Os dois fenômenos provocam mudanças climáticas por razões ainda estudadas pela comunidade científica. Neste ano, as conseqüências do resfriamento das águas do Oceano Pacífico não estão sendo sentidas no Brasil, por enquanto. "Este não será o ano do El Niño e sim do La Niña, embora bastante fraco e que nos próximos meses já deve desaparecer", informou o especialista no assunto, o meteorologista Gilvan Sampaio, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os meteorologistas do Inpe estudam os fenômenos e mantêm na internet, uma página para que a população entenda o assunto. O que provoca os dois fenômenos tem sido alvo de discussões. "As causas não são bem conhecidas, existem várias teorias e uma delas seria a variação dos ventos na região Equatorial" considera o pesquisador Osmar Pinto Junior, do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe.

Especialista em descargas elétricas, Pinto Junior diz que normalmente o La Niña aumenta a ocorrência de raios no Sudeste do Brasil e diminui no Sul. "Isso foi observado em 2001, mas agora, o fenômeno ainda não provocou nenhuma mudança e o volume de raios está normal". O pesquisador considera que o La Niña atinja seu maior pico entre os meses de abril, maio e junho quando a freqüência das descargas elétricas é menor.

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De modo geral, quando ocorre o oposto ao El Niño – quando as temperaturas habituais da água do mar ficam em torno de 25ºC -, as temperaturas diminuem para cerca de 22ºC. As águas mais frias estendem-se por uma estreita faixa, com largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do Equador, desde a costa Peruana, até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central.

Segundo o Sampaio, os efeitos do La Niña no Brasil são as temperaturas no Sudeste, que ficam mais amenas, passagens rápidas de frentes frias sobre a região sul e chuvas acima da média no norte da região Nordeste. "Quem pensa que o fenômeno provoca mais chuva em São Paulo está enganado. O La Niña muda a forma da chuva, com mais pancadas, mais temporais, mas não a quantidade de chuva", explicou o meteorologista. "Não estamos percebendo as conseqüências do La Niña porque o fenômeno está bem fraco". Segundo Sampaio, os fenômenos não se alternam, "não ocorrem de três em três anos, como pensam", e também não têm ciclos definidos seguidos. Nos últimos 15 anos houve apenas três ocasiões em que o La Niña foi sucedido pelo El Niño.

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