O Plano Real está fazendo onze anos e, se propiciou efêmero poder de compra da nova moeda, há muito tempo estriba-se na fundamentação de seus dois pilares básicos: a criação do Fundo Social de Emergência e a celeridade da execução do programa de alienação do patrimônio público.

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No primeiro item, o Plano Real consagrou a necessidade de desviar recursos a serem aplicados em projetos sociais para pagamento dos elevados juros da dívida federal, prática que se conhece pelo nome de superávit primário.

Tremendo sucesso do governo Lula, identificado como fenômeno inigualável pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, pelo simples fato da rendição incondicional à cartilha do Banco Mundial e do FMI, muito mais que o próprio FHC, detentor dos direitos autorais da atual conjuntura.

O desgastante impasse entre os ministros Antônio Palocci e Dilma Rousseff, esta inconformada com a supressão de gastos públicos no setor social, deu-se quando o titular da Fazenda insinuou que a meta do superávit primário poderá aumentar, ou seja, desconectando o governo do cumprimento das promessas feitas em palanque.

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Enquanto o País paga R$ 140 bilhões anuais de juros, rolando 50% desse montante no overnight – a dívida chegou ao primeiro trilhão de dólares – as mazelas mais visíveis são o crescimento do número de indigentes, pessoas nas filas dos hospitais, crianças fora da escola, famílias sem moradia e emprego dignos.