Feliz Natal. E paz

Fugir do lugar-comum é praticamente impossível e, por isso, já de pronto vamos desejando a nossos leitores um feliz Natal. Como muitos fazem, nós também gostaríamos que este dia, mais do que uma simples data comemorativa, fosse veículo de um novo significado de vida. Vida cheia de amor e bondade. De esperança e certeza. De solidariedade, perdão, humildade, compreensão e ternura. De felicidade e muito mais. Natal é nascimento. Que nasçam, pois, entre os humanos seres tantas virtudes quantas puder suportar o sempre jovem coração humano.

O fato principal, conta a lenda e a crença, aconteceu há 2004 anos. Numa estrebaria, entre animais. Por intolerância, por falta de recursos, ou por inexistência de hospedaria melhor na redondeza. Não importa. Fez-se a luz e o Salvador desceu à Terra, exatamente esta por nós habitada, entre bilhões de milhões de outros corpos celestes revelados pela tecnologia high-tech do século XXI. Veio para desejar paz aos homens de boa vontade. Todos, crentes ou não. Sua mensagem causou uma revolução. Uma tragédia até hoje lembrada e, pior de tudo, repetida ao longo do calvário de cada um.

Não seria exagero dizer que a incompreensão de agora é pior que aquela de ontem. Que a intolerância passou a ser um dos principais problemas do século atual. Que a falta de solidariedade atirou no lixo todos os planos de fazer deste planeta algo à imagem e semelhança de um sempre imaginário paraíso. Que o egoísmo estraçalhou a esperança de convivência entre animais semelhantes dotados de algum discernimento objetivo.

Nas modernas hospedarias não existem mais animais. Em vez da estrela cadente, há naves partintes. O planeta virou um grão de areia para as comunicações que operam à velocidade da luz. O homem mergulhou em suas entranhas e descobriu também seu mapa genético. Mas foi incapaz de cultivar a boa vontade pregada pela mensagem natalina em noite fria de Belém. Sem boa vontade não haverá paz. Nunca. A paz desejada pelo menino que se fez homem para salvar, nasceu e, através dos séculos, continua a renovar sua mensagem. Mais atual do que nunca.

Passará este Natal, como os outros. Sua mensagem será depois repetida, com a mesma ênfase de agora, eivada das mesmas lamentações sobre fatos novos gerados pela mesma incompreensão humana. Mas nem que seja por um momento só, vale a pena dar chance ao silêncio interior sugerido pela noite de Belém. Em homenagem ao significado transcendental desse símbolo que a muitos não passa de um mero argumento comercial. Talvez seja o que falta para abrir espaço à boa vontade, ato que depende da posição isolada de cada um.

A paz que tanto buscamos não será plantada no mundo conturbado de nossos tempos pelos poderosos barulhentos, guerreiros ou déspotas, caçadores da supremacia momentânea. Nem pelos povos que apóiam a iniqüidade que nos divide entre pobres e ricos, famintos e saciados, doentes e cheios de saúde. Nem pelos que, isoladamente, também demonstram ser incapazes de praticar a solidariedade. Reduzir todos os tipos de fome a zero será uma utopia enquanto não houver desemprego também zero, isto é, oportunidades no saber e no fazer para todos, independentemente de raça, credo, cor ou posição.

Caro leitor, como se vê, não conseguimos, outra vez, fugir do lugar-comum. Mas, pelo menos, não cedemos à oportunidade de passar sobre essa data tão carregada de nobres significados com a banalidade comercial que lhe empresta a atualidade. Que este seja um verdadeiro Natal na sua vida e na vida dos que mais lhe são caros. É o que lhe desejamos com a máxima boa vontade.

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