O técnico Luiz Felipe Scolari já definiu que deixará a seleção de Portugal quando acabar seu contrato, que vai até o fim da próxima Eurocopa, em julho de 2008, e que vê essa decisão como algo "lógico e natural" na rotina de trabalho de um treinador, ainda mais no caso de uma seleção nacional.
"Há um prazo-limite, de cinco ou seis anos. Depois disso, as coisas ficam mais difíceis porque começam a se criar hábitos e vínculos com os jogadores que podem levar a que as coisas deixem de funcionar como deve ser", afirmou o treinador, em entrevista ao jornal Record, que lhe entregou um prêmio como a personalidade desportiva do ano em Portugal, depois de conduzir a seleção ao quarto lugar da Copa do Mundo.
Entre essas situações, Felipão acredita que está a dificuldade em continuar motivando os atletas. "Muitos jogadores já conhecem bem o treinador, já sabem os nossos hábitos, já não os surpreendemos e não conseguimos retirar todo o seu potencial", explicou, sem dizer o que pretende fazer. "Terei laços com Portugal, mas posso voltar ao Brasil", disse.
Às turras com críticos por causa do interesse em convocar o zagueiro brasileiro Pepe, do Porto, Felipão disparou: "Eu não tenho de fazer juízos políticos, tenho apenas de chamar para servir a seleção qualquer jogador que tenha a nacionalidade portuguesa. O Pepe é tão português como o Nélson, do Benfica, que nasceu em Cabo Verde, mas ninguém questionou quando o convoquei", disse, chamando de "hipocrisia" os que o acusam de formar um "Brasil B" com a camisa de Portugal.
Em 2003, logo que assumiu o cago, Felipão criou grande polêmica ao convocar o meia Deco, então no Porto, para defender a seleção. As críticas só diminuíram quando o jogador marcou, de falta, o gol da vitória por 2 a 1 num amistoso contra a seleção brasileira. "O que muita gente quer é, mais uma vez, confusão", disse Scolari.
Ele contou ainda que não acertou contrato com a seleção da Inglaterra para suceder Sven-Goran Eriksson porque achava uma "traição" fazer qualquer acordo antes da Copa do Mundo. "Não é possível ser contratado por uma equipe e treinar outra no Mundial", disse, lembrando ainda que sua seleção eliminou os ingleses, nos pênaltis, nas quartas-de-final. "Se eu disse aos jogadores que teríamos de morrer em campo para ganhar, se preciso, eu tinha de dar exemplo.
