Feito memorável

Mesmo enfrentando sérios problemas no panorama internacional, sobretudo pelas súbitas mudanças na política de hidrocarbonetos implantadas pelos governos da Venezuela e Bolívia, a Petrobras obteve em 2006 o maior lucro da história de qualquer empresa estabelecida na América Latina. Um feito memorável para ser festejado de modo efusivo, mas sem concessões a arroubos excessivos.

A estatal brasileira de petróleo lucrou no exercício recém-findo astronômicos R$ 25,9 bilhões (US$ 12,1 bilhões), com um aumento de 9% sobre o lucro anterior. O resultado não foi mais expressivo, tendo em vista os obstáculos que suas subsidiárias tiveram de encarar nos países vizinhos, onde os resultados financeiros da exploração de gás natural, em maior escala, foram comprometidos.

Na Venezuela, por exemplo, a Petrobras foi obrigada a reduzir de 100% para 40% sua participação em campos exploratórios ou em produção, perdendo cerca de R$ 380 milhões no lucro bruto estimado. A elevação de 32% para 82% na tributação sobre a exploração do gás natural, decretada pelo governo boliviano, levou a Petrobras a pagar R$ 210 milhões a mais de impostos sobre suas operações no país andino.

Esse impacto sobre o lucro bruto da Petrobras boliviana foi causado pela nova Lei dos Hidrocarbonetos proposta pelo presidente Evo Morales e aprovada pelo Congresso. Essa semana, Morales esteve em Brasília em visita oficial de chefe de Estado, durante a qual foram atropeladas inúmeras convenções diplomáticas.

Morales voltou para casa de cabeça erguida, pois conseguiu o que planejara: o aumento do preço recebido pelo gás natural transportado pelo gasoduto Bolívia-Brasil. E por cima, ouviu do próprio Lula a garantia de que antes de serem presidentes de seus países, tinham entre si o traço comum da solidariedade sindicalista.

Aguarda-se agora a apreciação de Lula sobre a estapafúrdia atitude de seu colega venezuelano, quanto à encampação de frigoríficos e supermercados em função do desabastecimento de carne bovina nos principais centros consumidores do país. É a reedição da bisonha operação da caça ao boi no pasto, determinada pelo então presidente José Sarney.

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