Feirantes bolivianos bloquearam hoje (31) por 13 horas a fronteira entre as cidades de Arroyo Concépcion, na Bolívia, e Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Centenas de veículos e pedestres não puderam circular de um lado para outro durante o dia todo. O maior motivo da manifestação é a fiscalização intensa e rigorosa que está sendo feita por policiais brasileiros no local, com vistoria completa nos carros e documentação pessoal dos estrangeiros.
Automóveis, utilitários, caminhões e até ônibus em condições precárias de manutenção estão sendo proibidos de trafegarem em Corumbá. Além disso, nenhum boliviano atravessa a fronteira para o lado brasileiro sem apresentar a Carteira de Fronteriço e está proibido o trânsito de carros com placas verdes, que segundo legislação do país vizinho indica que a documentação está sendo providenciada.
Em protesto contra o rigor na fiscalização, os manifestantes fecharam a fronteira das 5h (horário de Brasília) de hoje (31) às 18h15m.
O encerramento da manifestação aconteceu depois de agitada negociação com autoridades brasileiras na sede da Prefeitura Municipal de Corumbá. Uma comissão formada pelo comandante da Polícia Nacional da Bolívia, coronel Oscar Daza Navarro; o sub-prefeito da Província de German Bush, Remberto Jordan Colombo e o presidente do Comitê Cívico de Arroyo Concecpción, Victor Colombo, apresentou aos feirantes os resultados da reunião com o prefeito de Corumbá (MS), Ruiter Oliveira.
Os manifestantes discutiram as medidas e acabaram aceitando as concessões que já estavam previstas, como aumentar de um para cinco anos a validade da Carteira de Fronteriço, que permite aos bolivianos estudo e trabalho no Brasil, além de instalação de barracas bolivianas na feira de Corumbá. A fiscalização da polícia brasileira continuará no pedágio da rodovia Ramão Gómez, que dá acesso a Bolívia. Ficou combinado que os policiais serão "maleáveis" com a solicitação das carteiras fronteiriças e trânsito de veículos bolivianos com placas verdes. Os veículos com placas verdes terão de ser regularizadas até abril. Os vistos para estudar e trabalhar no Brasil têm prazo para regulamentação, até a formação de um comitê bilateral de fronteira, para tratar de toda a situação.