O fato de o controle aéreo estar concentrado nas mãos dos militares é uma falha grave que impede a melhoria do serviço no Brasil, segundo a Federação Internacional dos Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca). "O grande problema é que tudo fica na mesma mão. Os que controlam o serviço são os mesmos ou estão na mesma administração e organização que aqueles que têm de supervisionar a qualidade e o funcionamento do controle aéreo brasileiro", disse Christoph Gilgen, representante da Ifatca na Suíça. "E tudo dentro da Aeronáutica e da Força Aérea Brasileira (FAB), na mão militar.
Gilgen esteve no Brasil no mês passado para acompanhar a investigação da colisão do Boeing da Gol com o jato Legacy, em setembro. Ele chegou a conversar com alguns controladores envolvidos no acidente, afastados do trabalho logo depois. O técnico disse que prefere não se pronunciar sobre a tragédia.
Em entrevista por e-mail e telefone, o suíço disse que é quase "impossível" fazer investigações quando quem executa o serviço de controle também é responsável por identificar eventuais problemas. "Há grande risco de tudo ficar por baixo do tapete, escondido dentro do sistema. Todo mundo fica surpreso quando ocorrem acidentes ou incidentes graves, porque esses não há como esconder", afirmou.
Na Europa, América do Norte e em outros países, como alguns asiáticos, o governo supervisiona e controla a aplicação correta de medidas internacionais, enquanto a execução das tarefas de controle e monitoramento dos vôos são feitas por outro órgão, disse Gilgen. "Agindo assim, alcança grande independência e qualidade de trabalho. São mais olhos e órgãos no processo.