Febre que tarda a passar

Políticos, pecuaristas e empresários fizeram festa nos últimos dias para o anúncio da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que decretou no final da semana passada o estado do Paraná como área livre da febre aftosa. Foram quase três anos de sofrimento dos produtores locais, que viram suas vendas internacionais desaparecerem.

Mas será que devemos comemorar o fato de, enfim, o Paraná ser considerado área livre da febre aftosa? Ou devemos pensar no que aconteceu desde 2005 até agora, e entender que poderíamos ter suplantado esta situação em menor tempo e com menos sofrimento ou, usando a declaração do secretário da Agricultura, Valter Bianchini, passar por um período menos ?dolorido??

Ficamos reféns de uma série de intransigências e descuidos. Primeiro, com o crescimento do consumo, as indústrias forçaram o aumento do número de cabeças. Depois, os produtores falharam no cuidado com a aftosa. Para completar, o governo estadual, inexplicavelmente, demorou a reconhecer os focos (que já tinham sido confirmados pelo Ministério da Agricultura). Tudo errado.

Só nesta seqüência de erros perdemos um bom tempo. E, como afirmam os especialistas, reconquistar o status de área livre é muito mais difícil que obtê-lo pela primeira vez. Tudo é avaliado, nenhuma brecha pode ser aberta, e todos os envolvidos precisam estar juntos na campanha, o que, aqui no Paraná, é sempre muito complicado, por conta dos arroubos do Executivo.

Passado o sofrimento, os envolvidos precisam aprender logo a lição. Acima de ideologias, está em jogo uma política de incentivo à agropecuária. Não se pode deixar passar nenhum período de vacinação, a sanidade animal tem que ser assunto de governo e os empresários e pecuaristas não podem buscar lucro maior descuidando do gado. O aval dado pela OIE precisa ser bem utilizado, para que não se perca uma boa chance do Estado arrecadar divisas.

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