Febre maculosa matou menina de 12 anos em São Paulo

Exames do Instituto Adolpho Lutz confirmaram hoje que Luana Monteiro, de 12 anos, morreu mesmo de febre maculosa, no Hospital do Jabaquara, zona sul de São Paulo, no domingo. Edna Maria Monteiro, de 43 anos, mãe da garota, internada desde segunda-feira com sintomas semelhantes aos da doença, ainda está em observação no mesmo hospital.

De acordo com Thiago da Silva Mendes, epidemiologista da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), o quadro de Edna é estável. "Ela está recebendo tratamento para febre maculosa, com antibióticos. Mas os resultados dos exames só saem nos próximos dias", disse.

A garota estava na 5ª série. Esforçada, não escondia um pouco de dificuldade em matemática. E pedia para o tio, o estudante de Economia Adilson B. (ele pediu para não ser identificado), ajuda nas lições. "Mas o negócio dela era brincar", lembra ele. "Apesar da idade, não tinha chegado à adolescência. Valia tudo, videogame, vôlei na rua, queimada. Era cheia de vida."

Segundo caso

Com o resultado positivo, esse passa a ser o segundo caso de morte por febre maculosa no bairro do Jabaquara neste ano. O outro foi em fevereiro. Em 2004, a Covisa registrou outros três casos da doença, um deles com morte, no bairro do Ipiranga. Uma das suspeitas é que a região de mata do Parque do Estado seja o foco principal da doença.

"Tanto o Ipiranga como o Jabaquara são próximos do Parque do Estado. Isso não significa que a população não possa visitar o parque. Pedimos apenas que evitem as regiões de mata virgem do parque, que já são fechadas para passeios e caminhadas", conta Marisa Lima Carvalho, coordenadora da Covisa.

Os vizinhos da família de Luana estão assustados, evitando sair de suas casas e com medo de manter animais domésticos. Hoje pela manhã, durante visita de 30 agentes de saúde da Secretaria Municipal de Saúde à região próxima à casa da família da garota, foram encontrados três carrapatos na orelha de um cachorro na casa de uma vizinha. "Não sabemos se é esse tipo de carrapato que transmite a febre maculosa. Vamos analisar", conta Sandro Marques, biólogo da Covisa, que acompanhou a vistoria na maioria das 450 casas da região.

Os moradores do bairro receberam dos agentes folhetos explicativos sobre a doença. Entre as dicas, a de como lidar com animais domésticos. "Cães e gatos devem ser tratados com carrapaticidas, ser mantidos em casa ou só sair com coleira para evitar com que percorram terrenos com vegetação", explica Marisa da Covisa."

A casa da família de Luana, além próxima do Parque do Estado, fica muito perto de um terreno vago de cerca de 20 mil metros quadrados.

Outra ação dos agentes foi vistoriar a calçada que faz divisa com o Parque do Estado. Para hoje está prevista a coleta e a análise de carrapatos em dez pontos dentro do parque. "Estudamos a possibilidade de verificar nos próximos dias, de maneira preventiva, o Horto Florestal, outra área de mata virgem na cidade", diz Marisa.

Os moradores da região do Jabaquara também receberam a orientação de levar carrapatos eventualmente encontrados às Unidades Básicas de Saúde (UBSs). "Profissionais da saúde da região foram orientados a ficar atentos aos sintomas da doença da população ", conta Marisa.

Luana foi levada mais de uma vez pela mãe ao hospital, antes de ser internada na sexta-feira passada. "Numa delas, disseram que era enxaqueca", contou Tânia Regina Neves Oliveira, tia da menina.

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