Pesquisa divulgada, nesta sexta-feira, pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que as instituições financeiras esperam um "cenário otimista" para o próximo ano, mesmo com a realização de eleições gerais no País.
Segundo projeção feita por 49 instituições, o crescimento esperado para o Produto Interno Bruto (PIB) é de 3,46%, com inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,62%, dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5% com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.
Na avaliação do economista-chefe da Febraban, Roberto Luis Troster, os estímulos para esse crescimento estão dados pela indústria, que tem uma projeção de expansão de 3,99% para o PIB do setor. Outros fatores que impulsionarão a economia, segundo ele, serão "exportações, a taxa de juros em queda, o crédito e um carry over (carregamento) de 2005".
Para 2006, a previsão é de que as exportações atinjam US$ 122,57 bilhões, resultado próximo da projeção feita pelo Banco Central (US$ 123 bilhões) na mais recente Nota do Setor Externo, divulgada em novembro. Quanto às importações, a expectativa é de um total de US$ 86,44 bilhões, o que resultaria num saldo comercial de US$ 36,13 bilhões, pouco acima dos US$ 34 bilhões projetados pelo BC.
A expectativa para as transações correntes é de saldo de US$ 6,82 bilhões, o investimento direto estrangeiro apresenta um valor projetado US$ 14,90 bilhões e o resultado primário do PIB foi estimado em 4,37%.
Outro fator de estímulo apontado pela Febraban é a queda na taxa básica de juros, que atualmente é de 18,5% ao ano. As instituições esperam que a Selic chegue ao mês de dezembro de 2006 a 15,23% ao ano e, a dezembro de 2007, a 13,87% ao ano.
Quanto ao crédito, o levantamento mostrou que a expectativa é de expansão de 17,31%, com um destaque para o crédito a pessoas física, que terá uma expansão de 25,08%. As estimativas dos outros agregados creditícios são: crédito a pessoa jurídica, com aumento de 15,26%; crédito livre; 20,12%; e crédito direcionado; 12,13%.
"Esses números mostram um desempenho do crédito em 2006 com quase as mesmas características que em 2005, impulsionando a atividade econômica", destacou Troster, na análise da pesquisa, salientando que a queda de 1,2% do PIB, no terceiro trimestre de 2005, foi causada por um esvaziamento nos estoques da indústria e do comércio e na demanda – que aumentou 0,8%. "Ou seja, a diminuição de estoques deve ser compensada, um estímulo oportuno para começar o ano", complementou.
Em relação às eleições do próximo ano, que definirão o novo presidente da República ou a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Febraban destaca que o pleito deverá ser mais focado nos fatores técnicos que emocionais. "Será uma oportunidade para debater rumos, analisar alternativas e escolher uma rota de crescimento compatível com o potencial do País."
A pesquisa da Febraban aponta dois destaques para 2007: a projeção de crescimento do PIB, de 3,64%, ligeiramente superior ao de 2006, e a estimativa do risco Brasil, que, conforme o levantamento, estará abaixo dos 300 pontos em fins de 2007 (em 299,33 pontos), ante 321,03 pontos em 2006.
Quanto ao IPCA de 2007, a projeção das instituições é de inflação de 4,45%, também dentro da meta estabelecida pelo CMN, idêntica à de 2006. "É um avanço. Mas é pouco. O Brasil tem condições de crescer a taxas maiores", analisou o economista da entidade.
