A notícia foi divulgada durante a semana: segundo um estudo, as modelos brasileiras estão subnutridas. A informação surgiu justamente na semana mais importante da moda brasileira, quando acontecia o São Paulo Fashion Week, com as tendências dos estilistas locais para o verão. Vestindo as roupas e biquínis que estarão a mostra nas praias brasileiras e estrangeiras estavam moças esqueléticas, que não se alimentam direito e que são péssimos exemplos para a juventude.
Virou anedota a história das modelos que comiam apenas folhas de alface e pedras de gelo para manter o peso. Seria cômico se não fosse trágico – o que seria uma lenda é uma triste verdade. Premidas pela necessidade de estar em forma para vestidos cada vez mais estrambólicos, as meninas de quinze, dezesseis anos, precisam reduzir suas medidas. E, para isso, não se pode comer. Quando se pode, só alface e gelo.
Quando elas não estão dentro do padrão vigente pelo mundo da moda, acontecem dramas.
A imprensa ?fashion? explorou à exaustão dois fatos acontecidos em São Paulo nesta semana: o primeiro foi o fato da top model tcheca Karolina Kurkova estar com ?gordurinhas a mais? e com celulite; o outro foi uma fita adesiva colada na brasileira Ana Beatriz Barros, que seria um subterfúgio para esconder celulites.
Daí se pode retirar que qualquer imperfeição é imperdoável para modelos, estilistas e até mesmo jornalistas. Não são aceitas pessoas ?normais?, com barriga, com corpo às vezes em desalinho. Nem mesmo mulheres bonitas, como por exemplo a atriz Juliana Paes, está dentro das medidas ideais para um desfile.
Com isso, a indústria da moda apresenta suas criações para um público fictício. É como se o Brasil fosse o país das pessoas magérrimas, com corpos perfeitos, nas medidas exatas que os estilistas imaginam.
Só que não somos assim. E as meninas que surgem na moda também não são. Mas criamos um mundo de glamour que incita crianças a não se alimentarem para encontrar a fama nas passarelas. Triste mundo o que leva jovens à subnutrição.
