Londrina – O enterro dos 1.800 animais da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (PR), condenados à morte por causa da febre aftosa, está condicionado a um laudo a ser concluído nos próximos dias pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Superintendência dos Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa).

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O laudo foi exigido pelo vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, já que a fazenda – de 1,4 mil alqueires e localizada em São Sebastião da Amoreira, norte do Estado – possui dezenas de nascentes que alimentam 22 represas e deságuam no rio Canoinhas.

As represas ocupam uma área de 46 alqueires e fornecem água para os 60 funcionários da fazenda e seus familiares, os animais – criados em regime de confinamento – e para a irrigação da lavoura.

O enterro dos animais na fazenda, que pesam no conjunto aproximadamente mil toneladas, poderia provocar a contaminação do lençol freático e até a água utilizada pelos 10 mil habitantes de São Sebastião da Amoreira, segundo o prefeito, Jorge Takasumi (PL). A água utilizada pela população do município é coletada a cerca de seis quilômetros da fazenda.

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O enterro dos animais na própria fazenda é uma das exigências da Organização Mundial de Saúde Animal para liberar o mais rapidamente possível as exportações de carne bovina das regiões onde é constatada a febre aftosa.

Esse procedimento libera as exportações num período de seis meses. Se os animais forem abatidos em frigorífico, quando se permite o aproveitamento das carcaças, ou em outro local, a liberação ocorre apenas um ano e seis meses depois.

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A Fazenda Cachoeira foi considerada foco de febre aftosa em 6 de dezembro pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, após exames de sangue terem apontado alterações sorológicas em 20% das 209 novilhas adquiridas em outubro em Eldorado (MS), onde já foram constatados 28 focos da doença. Os exames de Probang, capazes de isolar o vírus da aftosa, não conseguiram, até o momento, comprovar a contaminação do rebanho.

O governo do Paraná, apesar de não admitir a presença da doença no Estado, decidiu há 15 dias abater o rebanho da Fazenda Cachoeira por pressão dos produtores, que esperam, com essa providência, liberar mais rapidamente as exportações. A forma do abate, no entanto, será decidida na próxima quarta-feira pelo Conselho Estadual de Sanidade Animal.

Frigorífico

O embargo à carne brasileira por causa da febre aftosa, principalmente por parte da Rússia, o maior consumidor do produto, levou o grupo Margen, segundo maior frigorífico do País, a desativar seis de suas 17 unidades. Cerca de 2.100 funcionários estão sendo demitidos.

O frigorífico vinha operando desde outubro – quando se confirmou a aftosa no MS – com menos da metade de sua capacidade de produção, de cerca de 6 mil animais por dia, e havia reduzido o número de funcionários em dezembro, em aproximadamente 30%. O anúncio da desativação foi feito hoje (6). O faturamento, de R$ 2 bilhões por ano em médio, caiu pela metade no ano passado. O Margen possui três unidades no Paraná. A destinada à exportação, em Paiçandu, região norte, foi fechada.