Famílias de vítimas reclamam de abandono da Gol

Em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor, no Senado, a representante dos familiares das vítimas do acidente aéreo com o Boeing da Gol, Eulália Carvalho, reclamou do apoio que empresa aérea está dando às famílias agora "após a tragédia ter diminuído seu espaço na mídia" . Eulália, que perdeu o marido na queda no acidente, afirmou que até o momento não teve notícias "do tal plano de saúde" disponibilizado pela companhia aérea. "Estou cobrando isso deles e, vejam os senhores que situação ruim, estou tendo que lidar com a minha dor e, ao mesmo tempo, tratar de negócios", afirmou Eulália em um dos vários momentos em que falou com a voz embargada e emocionada.

A representante dos familiares também reclamou aos senadores das dificuldades que ela e outras famílias estão tendo para conseguir alguns documentos fundamentais para encerrar juridicamente o episódio da perda de seus parentes. Um desses documentos, disse ela, é o laudo que tem que ser emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, cujo prazo legal já venceu e foi prorrogado. "Nós entendemos que a demora possa ser fruto de excesso de trabalho, mas no mínimo o IML deveria ter nos informado melhor. Fui lá algumas vezes e fui jogada de um lado para outro como uma carne moída", relatou ela.

Após um relato detalhado da demora do IML, Eulália Carvalho disse que recebeu a promessa de que esse documento será emitido até amanhã. Ela também reclamou da falta de informações por parte da Aeronáutica sobre as investigações da causa do acidente.

Outro convidado ouvido pela comissão foi o especialista em direito aeronáutico, Jorge Amauri Nunes, que explicou aos senadores que a Gol tem a "responsabilidade objetiva" de indenizar as famílias pelo simples fato de ser ela uma concessionária de transporte aéreo. "Isso independe de ela não ter culpa no acidente", comentou. Ele alertou, no entanto, que por força do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor no Brasil essas indenizações deverão ser pequenas se comparadas a países como Estados Unidos. "Além disso, será mais fácil fixar valores pelas perdas materiais que pelas perdas sentimentais, mas que não podem ser deixadas de lado", afirmou o especialista.

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