Indignados com a suspensão das buscas por desaparecidos por até quatro dias, os parentes das vítimas que se encontravam na Rua Capri à espera de notícias reclamaram do tratamento recebido do Consórcio Via Amarela. "Eles não são bichos. São seres humanos e o culpado pela tragédia é esse consórcio, não é o Corpo de Bombeiros", disse Marina Aparecida Leite, de 21 anos, irmã do motorista do microônibus da empresa Transcooper, Reinaldo Leite, de 40 anos.
Os familiares disseram ainda que o comandante metropolitano do Corpo de Bombeiros, coronel João dos Santos, disse estar pronto para continuar as buscas, mas de "mãos atadas". "A concessionária sequer nos avisou da suspensão das buscas, ficamos sabendo pela imprensa", disse Jorge Bezerra, de 28 anos, primo do cobrador Wescley da Silva, 22 anos.
No início da madrugada de hoje, à 0h40, o consultor do Consórcio Via Amarela Márcio Pellegrino divulgou para a imprensa uma nota oficial em que informava que as buscas por desaparecidos estão suspensas e só devem ser retomadas em três ou quatro dias. ?O trabalho foi suspenso porque há risco iminente de desabamento e é necessário preservar a integridade física dos bombeiros.? Há rachaduras até no túnel usado pelas equipes de resgate.
?Estamos no limite, precisamos parar, com gente viva ou não ali? ressaltou Pellegrino, ressaltando que, oficialmente, só há duas vítimas confirmadas do acidente. Segundo ele, já estão sendo adotadas medidas de segurança, incluindo a estabilização das estruturas da cratera e a redução da quantidade de entulho e de carga na superfície.
No quarto dia de buscas, o Corpo de Bombeiros conseguiu localizar as duas primeiras vítimas do desmoronamento do canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4 do metrô, ocorrido na sexta-feira, mas conseguiu retirar apenas uma, a aposentada Abigail Azevedo, de 75 anos.
O corpo de Abigail, que estava passando a pé pela Rua Capri quando o buraco se abriu, foi localizado às 4h50. O filho dela, Sílvio Antônio Azevedo, acompanhou o trabalho de resgate, mas preferiu não ver a retirada para ?guardar a imagem dela viva?. A identificação foi feita por meio de documentos achados ao lado do corpo.
A outra pessoa morta estava no microônibus tragado pela cratera. Um deslizamento de terra impediu a remoção do veículo. A suspeita é de que seja o corpo da advogada Valéria Marmt, cliente regular da linha.