Imagens gravadas pelo circuito interno de vídeo da estação de metrô de Stockwell, exibidas, nesta quinta-feira, para a família de Jean Charles de Menezes, confirmam que ele caminhou tranqüilamente rumo ao trem segundos antes de ser alvejado por sete tiros na cabeça pela polícia britânica no dia 22 de julho.

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"O filme mostra que Jean não teve um comportamento suspeito", disse o irmão da vítima, Giovani da Silva. "Não há mais dúvida que eles (a polícia) mentiram para nós."

A família de Jean Charles assistiu ao vídeo durante uma reunião com representantes da comissão independente que investiga o caso, a IPCC. Não foram exibidas imagens do momento que o brasileiro foi alvejado. No encontro, que durou cerca de três horas, eles foram informados sobre o andamento do inquérito, que deverá ser encerrado até o final deste ano.

Na saída da reunião, a família disse não poderia revelar muitos detalhes da conversa pois a investigação ainda está em curso. Mas uma de suas advogadas, Harriet Wistrich, leu uma declaração para a imprensa em nome da família . "Nos foram exibidas as únicas imagens disponíveis de Stockwell", disse. "Foi muito difícil ver que Jean Charles parecia completamente relaxado e normal, particularmente diante das declarações feitas imediatamente após sua morte."

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A família afirmou que ainda tem muitas perguntas a fazer em novos encontros que serão realizados com a IPCC. "Não queremos que mais nenhuma pessoa inocente em Londres seja morta ou que qualquer família tenha o nosso sofrimento", disse. "Esperamos que lições sejam aprendidas com o resultado desse inquérito."

A pressão sobre o chefe da Scotland Yard, Ian Blair, cuja punição é sugerida pela família de Jean Charles, parece que começou a dar resultados. Ele disse hoje que a morte de Menezes foi um "momento decisivo" e ressaltou a necessidade de se discutir democraticamente a polêmica estratégia policial de "atirar para matar" adotada para suspeitos de terrorismo.

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Mas apesar de admitir a necessidade de um "amplo consenso" sobre o tema, disse não estar certo como esse debate público será realizado pois os detalhes da Operação Kratos – que regula o uso de armas contra suspeitos – não podem se tornar públicos sem ameaçar a eficiência da polícia. Blair reiterou sua disposição de se encontrar com a família de Jean Charles. "Eu lamento que neste momento eles não queiram isso", disse.

O jornal Daily Mail informou que dois policiais envolvidos diretamente na morte do brasileiro receberam advertências que notificam as acusações feitas contra eles. Elas representam um primeiro passo num processo disciplinar que poderá resultar num julgamento.