Cerca de 50 integrantes da cadeia produtiva do peixe cultivado em água doce no norte do Paraná estiveram reunidos no último dia 16, para conhecerem os resultados das experiências na produção de couro de tilápia, realizados há três anos pelo piscicultor Cezar Kaziraki Ishikawa, no pesque-pague da família Ishikawa, em Londrina.
Para Cezar, que faz uso exclusivo da pele obtida no abate de peixes do próprio pesqueiro, transformando-a em couro e utilizado na confecção final de 1,3 mil artigos manufaturados como bolsas, casacos, cintos e acessórios, as limitações maiores deste setor passam pelo fornecimento regular de matéria-prima de qualidade, uso da mão-de-obra especializada e disponibilidade de equipamentos adequados.
Quanto aos problemas dentro da porteira, Cezar destaca a irregularidade do tamanho dos peixes, a forma incorreta como é retirada a pele e a falta de procedimentos adequados na conservação da pele. No pós-porteira, cita a questão de acabamento final nos produtos, ?embora a região tenha um contingente expressivo de artesãos capaz de montar artigos finos de couro de peixe?, assegura o piscicultor.
Considerado o primeiro pesque-pague da região que dá destinação correta aos resíduos do peixe pescado e limpo, Cezar enumera as necessidades para aumentar o seu processo de fabricação de couro de tilápia. Lembra da abertura de mercado nas lojas, principalmente em pontos turísticos no País para a comercialização dos produtos acabados, do apoio financeiro para divulgação e venda, da participação em exposições e feiras nacionais e internacionais e, ?é claro, a abertura das exportações?.
Ao visualizar o potencial futuro da disponibilidade de pele de tilápia, proveniente do frigorífico para abate de peixe, que está em fase de construção pela Cooperativa dos Piscicultores de Tanque Rede, em Cornélio Procópio, o piscicultor de Londrina destaca os principais benefícios de seu curtume de pequeno porte, onde produz 150 quilos de couro por semana. ?Geramos emprego para cinco pessoas, aumentamos a nossa renda com a agroindustrialização, diminuímos o volume de resíduos, temos o couro como um produto exótico e sustentável e muito valorizado no exterior?, conclui Cezar.
Segundo o engenheiro de pesca Luiz Eduardo de Sá Barreto ?Lula?, do Emater, instituto estadual de extensão rural vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, presente na apresentação das experiências de produção de couro de tilápia, ?a iniciativa da família Ishikawa em ampliar as oportunidades de negócio do pesque-pague com o trabalho de curtume e confecção de produtos do Cezar, serve de exemplo de diversificação nas atividades agrícolas e não agrícolas no espaço rural, onde o agricultor rural melhora a sua qualidade de vida?.
