Na sua origem produtiva, o Sítio União, de 17,5 alqueires paulistas, sempre foi leiteiro, com a família Franco fornecendo à população o tradicional leite de rua, distribuído em vasilhames de vidro ou a granel direto nas panelas dos consumidores locais. A mudança radical para a produção de leite natural, de qualidade tipo B e sem adição de conservantes, teve início em maio de 1994, com o desafio da montagem do lacticínio, que foi sendo ampliado em área de um alqueire para pasteurizar e embalar toda a produção da propriedade.
Começaram aí também as linhas de trabalho na melhoria genética com descarte de animais substituídos por outros de melhor aptidão leiteira, na alimentação com o cultivo de 9 alqueires de milho destinado à silagem e quatro alqueires de pasto que abriga inclusive um moderno bezerreiro, e na sanidade animal com a contratação de um médico veterinário ?que orienta inclusive a separação da ordenha de animais que recebem antibióticos quando identificada alguma doença?, afirma Roberval.
Atualmente o rebanho leiteiro do Sítio União é de animais P.O. (puro de origem) das raças holandesa e pardo suíço, composto de 103 cabeças, com 45 vacas em lactação que produzem em duas ordenhas no pico da safra de verão, o volume médio acima de 25 litros diários.
Criado em sistema Tail Stal, que confina e proporciona pouca movimentação dos animais, o rebanho recebe um cuidadoso e farto cardápio alimentar diário de silagem de milho, rações balanceadas e água a vontade. A mais nova conquista para qualificar a produção do leite, com a certificação de isenção de doenças no rebanho, está sendo a implantação da rastreabilidade dos animais por meio do serviço oficial de certificação Sisbov, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, desde de dezembro, cumprindo assim uma das exigências federais da Normativa 51 para a produção de leite, em vigência desde o final do ano que passou.
Para aumentar a sua competitividade no mercado consumidor a família Franco se inscreveu na Emater para receber assessoria do Programa Agroindústria Familiar Fábrica do Agricultor.
Roberval destaca orgulhosamente que a ordenha é totalmente mecanizada, ?sem que ninguém toque no leite, desde a sala de ordenha até o empacotamento do produto?. Os equipamentos utilizados são os de última geração, iguais aos usados por grandes e médios empreendimentos do setor, inclusive contendo o padronizador e o homogeneizador.
?Hoje ocupamos em torno de 50% da capacidade de produção do lacticínio, processando em média pouco mais de mil litros diários?, salienta esse pequeno empreendedor que faz questão de lembrar da sua clientela direta atendida graças às câmaras frias do laticínio e da entrega diária por caminhonete com furgão isotérmico, formada por padarias e mercados local e da região e por sorveterias de Primeiro de Maio, Guaraci e Londrina. ?Atendemos também o governo estadual, pelo programa Leite das Crianças, com o fornecimento de 400 litros distribuídos para a população pobre de Sertanópolis e Bela Vista do Paraíso?, assegura Roberval Franco.
Para Rita Franco, responsável pela legalização e contabilidade dos empreendimentos da propriedade, que tem ainda dois e meio alqueires de mata ciliar e reserva legal, e um alqueire de café em sistema adensado e bem adubado com o esterco disponível do rebanho, ?as diferenças positivas aumentam em relação às demais propriedades leiteiras da região quando o assunto é preservação ambiental, custo de produção e função social?.
Segundo ela, o sítio está localizado distante de indústrias poluentes e tem laudo de funcionamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O custo de produção incluindo o empacotamento do litro é em média de R$ 0,65 com a venda variando em R$ 0,90. ?A margem líquida que sobra permite cumprir todas as obrigações trabalhistas com os sete funcionários registrados em carteira, manter o padrão de higiene pessoal e dos empreendimentos, e investir sem tomar empréstimos no mercado financeiro?, conclui a mulher de Roberval.