A família de Cássia Eller decidiu processar por danos morais e materiais a Clínica Santa Maria, onde a cantora foi internada em 29 de dezembro de 2001 e morreu horas depois, vítima de enfarte agudo do miocárdio. O advogado Marcos Campuzano estima que o pedido de indenização por danos materiais fique em, pelo menos, R$ 26 milhões. Na semana passada o Ministério Público Estadual denunciou dois médicos da clínica por homicídio doloso. Para os promotores, os médicos adotaram procedimentos equivocados ao tratar a cantora.

Campuzano explicou que, para efeito judicial, as pessoas têm 65 anos de vida. Cássia morreu aos 29. O advogado, portanto, vai pedir que o filho da cantora, Francisco, seja ressarcido com base no faturamento anual de Cássia, levando-se em conta que ela teria ainda 26 anos de vida.

“O disco acústico alavancou a carreira de Cássia. Naquele ano ela faria um show de réveillon na orla e já tinha agenda lotada até meados de 2002. Estima-se que ela tenha ganhado cerca de R$ 1 milhão no ano anterior ao de sua morte e a tendência era crescer”, disse Campuzano.

O advogado informou que fará o levantamento exato do faturamento da cantora, antes de ajuizar a ação. Ele vai se reunir com os ex-empresários de Cássia, Ronaldo Villas e Felipe Casqueira, para recolher os documentos. A previsão é de que a ação esteja pronta em 20 dias. Ficará a cargo da Justiça fixar o valor da indenização por danos morais.

Campuzano explicou que o pedido de indenização demorou a ser feito porque a família queria aguardar o encaminhamento do processo criminal.

A denúncia contra os médicos da clínica motivou a ação. “A clínica tem responsabilidade solidária com os médicos”, afirmou Campuzano. Para o advogado, o mais importante da denúncia feita pelo MP é que “trouxe a verdade à tona”. “Cássia era uma artista brilhante, no auge da carreira, estava feliz. Não tinha motivo nenhum para tomar uma overdose, como foi ventilado à época”, disse. Ainda de acordo com o advogado, a ex-companheira da cantora, Maria Eugênia Vieira Martins, conversou com a mãe de Cássia, Nancy Eller, antes de se decidir a processar a clínica. Ela comunicou a decisão a Campuzano na tarde de quinta-feira, quando esteve no escritório do advogado.

O advogado da clínica, Luiz Marcelo Lubanco, disse que nem os médicos nem a Santa Maria têm responsabilidade sobre a morte de Cássia Eller. “Ela foi vitimada por um enfarte agudo do miocárdio, que pode ser causado por vários motivos. Isso ocorre com muitas pessoas jovens. É trágico, mas é comum”, afirmou.

Processo

O advogado Paulo Freitas Ribeiro, que defende a Clínica Santa Maria no processo criminal, ainda não havia devolvido os autos em que constam a denúncia contra os médicos até o fim da tarde de hoje, apesar de o prazo para entregar os documentos à 29.ª Vara Criminal ter vencido na terça-feira. A juíza Maria Tereza Donatti ainda não tomou conhecimento da denúncia do MP.

continua após a publicidade

continua após a publicidade