Ribeirão Preto – O presidente regional do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo (Sincopetro) em Ribeirão Preto, Renê Abbad, faz uma previsão pessimista: faltará álcool em março. "A oferta está baixa na entressafra, com uma demanda crescente, pois é a primeira vez que temos os carros flex neste período", argumenta. "Se continuar assim, o preço chega a R$ 1,70." Em seus 3 postos, o litro de álcool hidratado custava R$ 1,49, mas subiu para R$ 1 59. Ele paga R$ 1,38 por litro à distribuidora.
Mas Abbad acredita que a tendência de alta possa ser estabilizada após a decisão do governo de reunir os produtores do setor sucroalcooleiro na próxima semana. Para ele, a possível redução do porcentual de álcool anidro misturado à gasolina, de 25% para 20%, seria uma medida apenas para a entressafra, para pressionar o estoque das usinas e a redução dos preços. "Mas piora a qualidade do meio ambiente com o aumento da emissão de poluentes", diz. "A minha sugestão é que se faça essa redução apenas nas cidades do interior, mas não nas capitais, pois isso equilibraria o estoque de álcool e ajudaria o meio ambiente."
Já o presidente da Associação dos Postos Revendedores de Combustíveis e Serviços de Ribeirão Preto e Região, Walter Amandio Basso, não acredita em desabastecimento. "Aqui não, mas em outras regiões não sei, pois a procura está maior do que a oferta", comenta. "Não concordamos com esses aumentos, achamos abusivos, embora a cadeia precise ter a sua remuneração." Para Basso, o governo deveria manter um estoque regulador para uma situação como esta.
Em seus dois postos, Basso fez a última compra de álcool pagando R$ 1,31 e revendendo por R$ 1,59. "Tenho as notas fiscais e mostro. Gostaria que as usinas e as distribuidoras fizessem o mesmo, pois todos sabem da margem de lucro dos revendedores, mas não delas." Sobre os postos que cobram R$ 1,45 o litro, Basso diz que há estoques antigos, e os donos mantêm os preços anteriores. Basso informa que alguns clientes que compraram carros flex já estão trocando o abastecimento de álcool pela gasolina.
O representante da Tux Distribuidora de Petróleo na região de Ribeirão Preto, Cezar Castro, informou que comprou, esta semana, o álcool a R$ 1,25 o litro em usinas e revendeu aos postos por R$ 1,30 – na semana anterior, havia comprado entre R$ 1,22 e R$ 1,23 e vendido por R$ 1,30. "A margem de lucro nossa está muito baixa", diz Castro, que não acredita em desabastecimento de álcool.
"Há estoque de passagem, sim, e o preço nas bombas está dentro do normal", comenta. Segundo Castro, pelo menos 3 grandes distribuidoras estariam vendendo o produto na região entre R$ 1 39 e R$ 1,44 o litro.