Há falta de um policiamento permanente e de um trabalho sistemático de assistência social nas comunidades mais carentes das grandes cidades brasileiras. Essa carência leva os órgãos de segurança a executarem basicamente invasões e operações de varredura militarizadas nas comunidades como forma de combater o crime. É o que afirma a Anistia Internacional (AI) no relatório Eles Entram Atirando ? Policiamento de Comunidades Socialmente Excluídas no Brasil, lançado ontem (2) em São Paulo.

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Segundo a AI, essa situação leva à violência contra a população. Essa violência pode ser vista em operações de policiamento ostensivo conhecidas, como a Saturação, realizada em São Paulo, e os Caveirões, realizados no Rio de Janeiro. "Esses dois mecanismos refletem esse conceito de policiamento de repressão sem proposta de longo prazo para modificar a situação de criminalidade nessas comunidades", diz Tim Cahill, pesquisador e observador da AI no Brasil, que apresentou o relatório em coletiva à imprensa em São Paulo.

As comunidades pobres, segundo Cahill, se tornam vítimas da violência tanto dos criminosos quanto dos policiais com a falta de uma política permanente de segurança e atendimento. Ele citou como exemplo o incêndio do ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá) na noite do último dia 29, na Penha, subúrbio do Rio de Janeiro. Cinco pessoas morreram carbonizadas, entre elas uma criança. "Hoje em dia, com a necessidade de providenciar uma segurança que trabalhe para essas comunidades e assegure que traficantes não tentem fazer justiça à sua maneira, é preciso que o estado haja de maneira não repressora, mas realmente que pense em como combater essa criminalidade."

Cahill diz que a AI reconhece os esforços feitos pelo governo federal para melhorar as políticas de segurança, com a criação do Plano Nacional de Segurança Pública, mas destaca que alguns objetivos iniciais estão se perdendo o que acaba por afastar o governo federal do projeto e reduzir os recursos destinados a ele. "As intenções iniciais do projeto não estão sendo implementadas. A boa vontade que foi mostrada na criação do plano nacional não tem sido refletida agora nas ações do governo e isso reduz os investimentos e cria distância entre a cúpula do governo federal e o tema", avalia.

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