O ministro da Saúde, Humberto Costa, garantiu que o abastecimento de
anti-retrovirais já está normalizado. Mas o Grupo Pela Vidda, ong que luta
contra a aids e a discriminação, recebeu em um dia mais de 30 e-mails relatando
problemas de portadores do HIV para obter os medicamentos através do Sistema
Único de Saúde (SUS).

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Na sexta-feira (4) o vice-presidente do grupo,
William Amaral, foi até a farmácia do Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, na
zona norte do Rio, buscar os remédios do coquetel anti-aids que integram seu
tratamento. Recebeu apenas cinco comprimidos de Lamivudina, em vez dos 30
prescritos na receita. "Não vejo problema em racionarem o medicamento para que
ninguém fique sem, mas então pedi que a farmacêutica escrevesse na receita
isso."

Segundo ele, ao fazer esse pedido, conseguiu receber sua dose
mensal: "Vai faltar para alguém e não é isso que eu quero, o Ministério da Saúde
tem que admitir que está faltando remédio e explicar o porquê",
reclamou.

Indignado com a situação que, segundo ele, não é só sua – "Vi
gente voltar pra casa sem o Crixivan ou o Biovir (outros tipos de
antiretrovirais)" -, Amaral mandou hoje e-mail para mais de 5 mil ativistas da
luta contra a aids. Ele pede que todas as pessoas na mesma situação contem a sua
história.

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Um paciente de Porto Alegre conta ter recebido apenas metade da
dose de Biovir. Um outro de São Paulo, teve menos sorte. Ficou sem o remédio,
mesmo depois da importação de remédios feita pelo ministério em caráter
emergencial, no último mês. No e-mail, o vice-presidente do Pela Vidda garante o
anonimato a quem contar sua história, por esse motivo, não revelou a identidade
dos prejudicados pelo desabastecimento.

Supervírus

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A falta de um dos
medicamentos que compõem o coquetel individual pode levar ao aumento da
resistência do retrovírus, o que fará com que o governo precise comprar remédios
cada vez mais caros para tratar dos portadores de HIV. "O que o Ministério da
Saúde está fazendo é criar um supervírus aqui no Brasil", disse Amaral, que
ressaltou ser a primeira vez que há um desabastecimento desse porte, desde que o
Brasil iniciou o Programa Nacional de Combate à Aids.