A falta de estudos conclusivos sobre os impactos da soja transgênica na saúde humana, meio ambiente e na economia é o principal ponto da polêmica existente hoje no país em relação aos organismos geneticamente modificados, disse o gerente de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente, Rubens Onofre Nodari. Ele participa do curso de capacitação e treinamento em Biossegurança de Organismos Geneticamente Modificados, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente e Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, em Curitiba.

Nodari salientou que a multinacional Monsanto, que detém a patente da tecnologia da soja transgênica, se recusa a fazer esses estudos. Segundo ele, o Ministério do Meio Ambiente está esperando pelas avaliações da empresa sobre os impactos na saúde humana e meio ambiente desde 2001 e até agora não foram apresentados. A posição do Ministério do Meio Ambiente é a mesma do Governo do Paraná, que também defende o princípio da precaução proposto no Protocolo de Cartagena.

Nodari, que é também professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), falou da dificuldade dos médicos em identificar ou associar determinada patologia ao consumo de derivados da soja geneticamente modificada se não há rotulagem dos produtos. “Como associar que determinada alergia ou doença é decorrente do uso intensivo de soja transgênica se não há rótulos nos produtos?”, insistiu.

Outro alerta feito por Nodari é que os agricultores deveriam ser mais informados sobre o consumo maior de herbicidas depois de três anos de plantio, o que não está acontecendo. Com este objetivo, o Governo do Paraná já está elaborando uma cartilha que será distribuída gratuitamente para agricultores de todo o Estado para esclarecer os principais pontos sobre transgênicos, sobretudo as conseqüências dos OGMs sobre o meio ambiente e saúde, além das restrições da soja geneticamente modificada no mercado internacional.

Denúncia

A falta de estudos aprofundados sobre os OGMs denunciada pelo gerente de Recursos Genéticos do Ministério do Meio Ambiente confirma informações divulgadas pelo EcoNexus, instituição britânica que se dedica ao acompanhamento de pesquisas na área da biologia e engenharia genética. A entidade se propõe a oferecer uma crítica científica rigorosa da engenharia genética e de organismos geneticamente modificados, investigando e relatando os impactos dos OGMs no ambiente, na saúde, na segurança do alimento, na agricultura, nas direitas humanas e na sociedade.

O estudo, baseado em revisões da literatura científica e em documentos do USDA (Departamento Americano de Agricultura), examina as conseqüências dos eventos de modificação genética para a integridade do genoma das plantas transgênicas e sugere que podem surgir significativos danos genéticos. As conseqüências podem incluir desde rearranjos genéticos em larga escala no DNA hospedeiro, nos locais da inserção de transgenes e, de centenas a milhares de mutações individuais dispersas por todo o genoma de cada nova planta transgênica.

Os autores sugerem que essas mudanças são causadas através da engenharia genética em si, ou seja, através da própria inserção de transgenes e dos procedimentos aos quais as células vegetais são submetidas para que haja a inserção destes.
O estudo faz uma análise dos cultivos que já estão no mercado em todo o mundo, de acordo com dados do USDA, e revela que os órgãos reguladores falharam em requerer análises adequadas dos locais de inserção de transgenes, e que não há mecanismos para detectar danos genéticos aleatórios induzidos pela transformação.

Essas omissões parecem resultar da falta de avaliação da importância de danos genéticos mantidos pela plantas transgênicas. Elas indicam que existem falhas nos sistemas regulatórios que supostamente assegurariam os cultivos transgênicos como seguros, e que os reguladores têm sido culpados por fazerem suposições dúbias a cerca de similaridades entre os cultivos geneticamente modificados e as plantas desenvolvidas pelos métodos de cultivo tradicionais.

O estudo intitulado “Genome Scrambling – Myth or Reality? Transformation – induced mutations in transgenic crop plants” está disponível em formato pdf. Na página www.econexus.info . As informações acima citadas sobre os estudos realizados pela EcoNexus foram divulgadas através do informativo nº 233 da campanha “Por um Brasil livre de transgênicos”.

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