O candidato ao governo de São Paulo, senador Aloizio Mercadante (PT), culpou o governo do PSDB pela onda de violência que atingiu o Estado nos últimos meses. "O PCC nasceu, cresceu e se desenvolveu ao longo desse governo. Não é só falta de cadeia, é falta de governo", afirmou hoje, durante sabatina no auditório do Grupo Estado.
Mercadante disse que a atual gestão "não é eficiente na segurança pública". Para ele, o primeiro grande equívoco foi misturar, no mesmo presídio, réus primários com chefes do crime organizado. O candidato defendeu a separação dos presos em quatro níveis de periculosidade: os primários, os não primários, mas de pouca periculosidade, os perigosos e os de alta periculosidade, chefes do crime organizado. "É preciso fazer um isolamento completo dos chefes do crime organizado. Eles têm de ficar em presídio de segurança máxima.
O candidato sugeriu que avanços no sistema prisional venham de parceiras com a iniciativa privada, para trazer trabalho aos presídios. Citou exemplos de presídio industriais em várias partes do mundo, que permitem ao preso aprender profissões e conseguir renda, com real perspectiva de recuperação e ressocialização. Mercadante também destacou que, no caso brasileiro, 85% dos presos são jovens com menos de seis anos de escolaridade, semi-analfabetos e pobres – o que tornaria esse tipo de iniciativa ainda mais importante. O candidato defendeu a necessidade de investir em penas alternativas. "Pena alternativa não é pagar cesta básica. Pena alternativa é trabalhar.
Mercadante apontou a falta de investimento nos salários e na inteligência de polícia como causas da ineficiência. "A polícia civil de São Paulo tem o segundo pior salário do Brasil e somos o Estado mais rico da Federação." No caso do sistema de informação, trouxe o exemplo da digitalização das impressões digitais de indivíduos fichados. Afirmou que há seis milhões de pessoas com as impressões digitais cadastradas na polícia em cartões, enquanto "há 10 anos existe software para isso". Ter essas informações digitalizadas, segundo ele, possibilitaria a identificação de indivíduos fichados no ato da blitz. "É muito mais eficiente, economiza tempo e muda o trabalho de investigação".
Em relação ao sistema prisional, ele afirmou que a opção do governo federal foi primeiro construir prisões de segurança máxima, para servir os 27 Estados da federação. "O Fernando Henrique ficou oito anos e não construiu nenhuma. No governo Lula, estão sendo construídas cinco. Qualquer indicador que você puser aqui, eu estou pronto pra discutir com o PSDB. Porque tucano é bom de bico, mas precisa de informação pra debater", provocou.
Mercadante disse que o secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu, é o responsável pelo não uso da verba de R$ 100 milhões anunciada pelo governo federal. "Nós fizemos uma medida provisória disponibilizando para o Estado mais rico do país uma verba de R$ 100 milhões para investimento em prisões. Um mês depois o projeto não tinha sido apresentado. O secretário de Segurança disse que esse dinheiro não ia sair e, se saísse, ele renunciava.
O candidato do PT afirmou que a diminuição da proporção de agentes penitenciários para o número de presos foi "o grande equívoco" que possibilitou o controle dos presídios pelo crime organizado. "Há 10 anos, São Paulo tinha um agente penitenciário para cada dois presos. Hoje, temos um agente penitenciário para cinco. Então, um plantão do presídio tem mil presos e 30 agentes penitenciários. Isso fez com que os agentes penitenciários do Estado transferissem o controle dos presídios para o crime organizado.
Mercadante criticou a liberação dos presos no Dia dos Pais, afirmando que a triagem deveria ter sido mais rigorosa, "inclusive por que alguns eram sabidamente envolvidos com a organização criminosa". Finalizou a resposta convocando a um pacto e elogiando o governador Claudio Lembo (PFL) pela criação da Comissão de Integração do Sistema Único de Segurança, "que só São Paulo não tinha feito até hoje". "Nós precisamos em São Paulo de uma força tarefa nacional trabalhando junto para derrotar o crime organizado com apoio da imprensa, da opinião pública e da sociedade.