Os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Banestado, que investiga a remessa ilegal de cerca de US$ 30 bilhões para o exterior, por meio das chamadas contas CC-5, continuarão suspensos até a primeira semana de novembro, após o segundo turno das eleições. A intenção dos presidentes do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), de estabelecer uma agenda de trabalhos para o encerramento das investigações e votação do relatório final da Comissão foi frustrada hoje pelo esvaziamento do Congresso, com os parlamentares priorizando as campanhas para o segundo turno das eleições municipais.

Até uma reunião que serviria como preparação para a retomada dos trabalhos da CPMI, convocada para hoje por Sarney e João Paulo, foi suspensa. O encontro também teria como objetivo aparar as arestas entre o presidente da CPMI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), e o relator, deputado José Mentor (PT-SP). Os dois discordam da metodologia das investigações e das convocações de suspeitos de terem enviado dinheiro ilegalmente ao exterior via Banestado.

As desavenças entre os dois começaram ainda nas primeiras reuniões da CPMI, se aprofundaram quando apareceram os primeiros dados sobre as movimentações financeiras ilegais feitas por empresários e políticos e chegou ao ápice há dois meses quando vazaram informações sobre o envio ilegal de dólares por familiares do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), colega de bancada de Antero.

A CPMI do Banestado, criada há mais de um ano, tem prazo até março para encerrar os trabalhos. Mas a intenção do senador Antero Paes de Barros é encerrar logo os trabalhos. O deputado Mentor garante que entrega em dezembro o seu relatório, mas sabe que dificilmente as suas conclusões serão aceitas pelo presidente. Mesmo que o prazo da comissão seja prorrogado, dificilmente os dados bancários sobre o envio ilegal de dólares por brasileiros ao exterior será inteiramente investigado por falta de tempo.

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