Rio de Janeiro – A falta de informação dos profissionais da área de saúde é o principal obstáculo para reduzir a mortalidade pela Febre Maculosa no país. A avaliação é da médica Elba Lemos, chefe do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Osvaldo Cruz (fiocruz). O laboratório é referência nacional no estudo da bactéria rickettsia rickettsii, causadora da doença transmitida por carrapatos.
De acordo com a médica, o carrapato e a febre maculosa sempre existiram, mas pela falta de informação a doença é confundida com outras que causam sintomas semelhantes, como o dengue e a leptospirose. ?Os médicos, infelizmente, não pensam na doença, não tem conhecimento da doença, então não fazem o diagnóstico. Pensa-se primeiro em todas as doenças, para depois pensar nela (febre maculosa)?.
Elba Lemos participou hoje (5) de uma reunião técnica promovida pelo Fiocruz para conscientizar profissionais de saúde de todo o estado sobre a importância do diagnóstico precoce para redução da letalidade da doença.
?O objetivo fundamental é passar o conhecimento para que os profissionais de saúde fiquem atentos e no momento em que chegar um caso suspeito façam o exame de sangue e iniciem imediatamente o tratamento. Aí sim, vamos ter o que queremos, que é a redução da mortalidade?.
No Brasil, os estados com maior número de casos são São Paulo e Minas Gerais. Lemos salientou, no entanto, que isso não significa que nestes locais haja risco maior, e sim a preocupação destes estados há mais tempo em reconhecer e notificar a doença.
No Rio de Janeiro já foram registrados este ano seis casos da febre maculosa, quatro deles com morte.
Para Lemos um dos fatores que pode explicar o aumento no número de casos nos últimos anos é o reconhecimento da doença. ?Provavelmente agora as pessoas estão se interessando pela doença para fazer o diagnóstico?
A médica salientou, no entanto, que todas as estatísticas sobre a febre maculosa estão aquém da realidade, pois muitos casos ainda não são diagnosticados.
De acordo com informações da Fiocruz, os sintomas da febre maculosa são febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vômitos, seguidos do aparecimento de lesões na pele. As manchas, lisas e rosadas na pele (também conhecidas como máculas), atingem principalmente as extremidades do corpo como pulsos, antebraços, tornozelos, palmas das mãos ou solas dos pés.
Entre as formas de prevenir a doença estão cuidados como usar calças compridas e botas e vistoriar o corpo em busca de carrapatos em intervalos de três horas quando for necessário andar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural. A vistoria é eficaz porque, para transmitir a doença o carrapato tem que ficar aderido à pele do indivíduo pelo menos quatro horas.