O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, anunciou nesta terça-feira (10), em Curitiba, o primeiro levantamento, ainda preliminar, sobre os prejuízos causados pela estiagem no Paraná. Segundo técnicos do Deral, a situação climática atual, marcada por chuvas irregulares e abaixo dos volumes mínimos necessários, já causou perdas em lavouras do Estado.
De acordo com avaliações preliminares, realizadas a campo pelos técnicos do departamento, a cultura do milho é a mais prejudicada até o momento. O milho da primeira safra já apresenta uma perda de 13% na produção que, inicialmente, tinha sido estimada em 8,83 milhões de toneladas. Essa perda aconteceu porque parte significativa das lavouras estava em fase de floração durante o período em que faltou chuva, ou seja, durante o mês de dezembro.
O levantamento preliminar do Deral indica que foi perdido cerca de 1,2 milhão de toneladas do produto que, ao preço médio atual, implicam prejuízo financeiro de R$ 237 milhões. A situação mais crítica é verificada na região Sudoeste do Estado. Principalmente, no Núcleo Regional de Francisco Beltrão, onde já foram perdidos aproximadamente 50% do potencial produtivo.
Os técnicos do Deral afirmam que a falta de chuvas regulares dificulta o início da semeadura do milho da segunda safra. Em Laranjeiras do Sul, a perda já atinge 28% do potencial produtivo. Ponta Grossa e Pato Branco apresentam uma perda de 17%. Em Cascavel e Campo Mourão, também já existem perdas.
Soja
Quanto à soja, o levantamento aponta que a cultura também está sendo prejudicada pela estiagem. Até o momento, já foi observada uma redução de aproximadamente 3% da produção esperada. O maior prejuízo com a soja também é verificado na região de Francisco Beltrão.
O feijão da primeira safra encontra-se em plena colheita, que é favorecida pelo clima seco. Não há impacto significativo da estiagem sobre o potencial produtivo dessa cultura. Porém, a falta de chuvas regulares dificulta a semeadura do feijão da segunda safra.
Clima
De acordo com o monitoramento agroclimático, realizado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o ano começou com chuvas praticamente em todo o Estado. As precipitações melhoraram as condições das lavouras que já vinham sendo afetadas pela deficiência hídrica em algumas regiões.
Contudo, não ocorreram chuvas significativas nos últimos 10 dias. Segundo o Iapar, a estiagem ameaça a produtividade das culturas anuais, já que a maioria delas se encontra em períodos críticos de desenvolvimento, como floração e formação de vagens e espigas.
A seca também afeta as pastagens. As verduras demandam mais irrigação e perdem qualidade devido à alta temperatura que ocorre durante o veranico. As altas temperaturas acarretam elevadas perdas por evaporação de 5,0 a 7,5 milímetros por dia. O que diminui a água do solo disponível às culturas.
O Iapar informou que, na segunda-feira (09), o armazenamento de água disponível no solo era menor que 50% da capacidade máxima em quase todo o Paraná. A condição crítica, ou seja, menos que 25% da água disponível, já é verificada em toda a região Oeste, onde se concentra a maior área cultivada do Estado. Técnicos do Iapar acreditam que, se não chover de 30 a 50 milímetros em curto prazo, poderão ocorrer perdas significativas de produtividade.
Ações
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, por meio de seus departamentos e empresas vinculadas, atua para levar informações ao agricultor paranaense sobre a tecnologia disponível para reduzir ao máximo as perdas causadas pela estiagem.
Através do Iapar, a Secretaria oferece serviços como o zoneamento agrícola, que delimita as regiões climaticamente homogêneas, com condições adequadas ao cultivo de culturas anuais nas regiões e épocas propícias, visando a redução dos riscos associados aos fatores climáticos.
Outro serviço prestado pelo Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) é o monitoramento agroclimático que disponibiliza, na internet, mapas e informações sobre o comportamento climático no Estado.
Em conjunto com a Emater, também são importantes as técnicas adotadas nas propriedades rurais, como proteção de nascentes, recuperação, isolamento e manutenção de matas ciliares, reflorestamento com fins energéticos ou para produção de madeira, distribuição de água para o gado em bebedouros, adubação verde, terraceamento, eliminação de queimadas, conservação de estradas rurais e o plantio direto na palha, prática pioneira no Paraná.