Mais de 30 pessoas passaram nesta quinta-feira pelas mãos de Alessandro Aparecidos Marques Gonçalves, de 29 anos, no Hospital Vasco da Gama, no Belém, na Zona Leste de São Paulo. Pensavam que aquele homem era um médico ortopedista. Não sabiam que foram atendidos por um charlatão, um falso médico acusado de deixar pacientes com seqüelas em Minas Gerais, de aplicar golpes no Interior de São Paulo e de usar a identidade e o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) de um médico verdadeiro para se empregar em São Paulo. Marques acabou preso hoje em flagrante pela polícia.
"Esse homem deixou um rastro de vítimas nos dois Estados", afirmou o delegado Antonio Olim, do Departamento de Investigação sobre o Crime organizado (Deic). Olim estava apurando a ação do falso médico havia 15 dias desde que um colega delegado lhe passou a informação de que o homem havia fugido de Lins, onde empregara-se na Santa Casa local. "Ele apanhou o carro de uma namorada e fugiu da cidade com o veículo" disse Olim.
Foi seguindo as ligações telefônicas feitas pelo falso médico que a polícia conseguiu encontrar sua casa. A partir de então, os investigadores seguiram o acusado para ver se encontravam o veículo e saber se ele estava praticando ilegalmente a medicina na Capital. "Descobrimos que ele estava atendendo em três hospitais de São Paulo", afirmou Olim. Para tanto, o falso médico obteve um emprego numa cooperativa médica, que fornecia mão-de-obra para os hospitais. "Ele ganhava R$ 700 00 por plantão, o que lhe permitia uma renda mensal de R$ 8 mil" disse o delegado.
No começo da tarde de hoje, o delegado foi ao Hospital Vasco da Gama, pois era dia de plantão de Marques. "Quando verificamos que ele estava atendendo, o prendemos." Além da acusação de exercício ilegal da medicina, Marques foi acusado de falsidade ideológica.
Em Minas, ele atuou na cidade de Belo Oriente. A direção o Hospital Vasco da Gama confirmou que Marques trabalhava desde janeiro por meio de uma empresa terceirizada que presta serviço para o hospital. O hospital, que se disse vítima da ação do falso médico, informou que Marques fazia o trabalho de triagem dos pacientes. Os outros dois hospitais onde o acusado trabalhou em São Paulo são o Panamericano, em Pinheiros, e o de Vila Matilde, na Zona Leste. A assessoria de imprensa do Hospital Panamericano informou que o médico trabalhava desde janeiro, como plantonista, e que apenas fazia a triagem dos pacientes.