Falou e convenceu

Convocado para depor no plenário do Senado Federal, o ministro Antônio Palocci pediu a antecipação de sua presença naquela Casa. Manobras ainda não bem esclarecidas levaram o titular da pasta da Fazenda a um foro menor e mais especializado. Foi depor na Comissão de Assuntos Econômicos. Logo surgiram várias versões sobre essa mudança. Teria havido um acordo situação-oposição para evitar acusações de ordem política e moral contra o ministro, pois isto prejudicaria a economia do País. Ou o próprio ministro desejaria escapar das acusações que lhe fazem de irregularidades quando prefeito de Ribeirão Preto. Circunscrevendo sua fala ao âmbito dessa comissão, só deveria falar de política econômica, vacinando-se contra perguntas e colocações de senadores sobre seu passado político e ético.

Vários senadores, antes mesmo de iniciada a longa sessão do Senado, insistiram que deveriam ter permissão para alargar o debate, tocando naqueles pontos nevrálgicos da vida política pregressa de Palocci. O ministro surpreendeu, dizendo desde logo que responderia tanto sobre temas econômicos quanto a respeito das acusações que lhe fazem, referentes às duas vezes em que foi prefeito de sua cidade natal. E foi mais longe, dizendo que comparecerá ao plenário do Senado, a alguma CPI ou a qual seja o órgão que o convoque, pois sobre sua conduta e as acusações não vê mais que mentiras e manobras políticas solertes. No início de sua fala, tocou em todos os assuntos que têm sido veiculados e visam desacreditá-lo politicamente.

O que parece que ficou claro é que parlamentares do PT tentaram blindá-lo, quando ele, Palocci, estava e está aberto e até desejoso de responder a acusações que qualifica de mentirosas.

Sobre a política econômica, sustentou aquela linha que vem praticando desde o início do governo Lula, a de política fiscal apertada, que em sua opinião é responsável pela confiança que tem sido depositada no Brasil e o desenvolvimento econômico que tem sido experimentado.

A oposição com ele debateu com o maior respeito, mesmo discordando e entendendo que a política fiscal deve ser afrouxada um pouco para que sobrem recursos para investimentos governamentais no desenvolvimento. Que haja mais coragem na derrubada dos juros e uma política fiscal que pese menos sobre a iniciativa privada. O questionamento dessa política, pela ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, feito publicamente, não deixou as coisas nada claras. Como não poderia deixar de ser, Palocci considerou tais críticas como de ponto de vista e não ataques pessoais. Mesmo provocado, fez não entender as insinuações de que o presidente Lula, ao não apoiá-lo publicamente, embora elogiasse sua política econômica, havia ficado em cima do muro. E o governo, nesse cenário, passou a ter um presidente omisso, uma ministra contra a política econômica e o ministro da Fazenda decidido a continuar no rumo que estabeleceu. E ainda dividiu os sucessos da política econômica com os governos anteriores, citando nominalmente o de Sarney, Itamar e Fernando Henrique. Ficou evidente a opinião de que se esperava do presidente alguma atitude mais contundente. Lula deveria prestigiar o ministro Palocci publica e imediatamente. E não poucos consideraram que seria sua obrigação dispensar os serviços da dissidente Dilma Rousseff.

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