Fala quem sabe

O governador Roberto Requião, conhecedor das entranhas do único partido a que pertenceu desde o desembarque na vida pública, antecipou a percepção de que a campanha presidencial do PMDB será ?chocha?. A declaração foi feita ao analista político Fernando Rodrigues, que a publicou em seu blog.

Os candidatos inscritos às prévias de 19 de março são Anthony Garotinho e Germano Rigotto, mas como havia assinalado o senador alagoano Renan Calheiros, presidente do Senado e defensor da candidatura de Nelson Jobim, ?nenhum dos dois empolgará a militância partidária?.

Por sua vez, Requião lamenta tanto a falta de um projeto específico de governo quanto a esmaecida capacidade de luta do partido, que poderá repetir a frustrada experiência das campanhas presidenciais de Ulisses Guimarães e Orestes Quércia.

Na última pesquisa Datafolha, perguntou-se aos eleitores do PMDB sobre o candidato presidencial preferido. Anthony Garotinho deixa muito atrás o governador do Rio Grande do Sul, mas a conjuntura peemedebista não esconde o inequívoco mal-estar causado pela saia justa que veio do Rio de Janeiro.

Na posição de franco-atirador, Garotinho utiliza a tática de arrasa quarteirão sobre o remanescente do PMDB e, se vencer as prévias, não chegará sequer a lamentar o isolamento oficial de sua candidatura. Ele aposta todas as fichas no estilo populista de fazer política, preenchendo com militância leal a seu comando os espaços esvaziados pela debandada das duas maiores alas em que o PMDB se dividiu.

O handicap de Garotinho, que ninguém possui no PMDB, é o apreciável percentual de intenção de votos estabilizado em 15%, cabedal que o transforma em ponto de desequilíbrio da eleição no segundo turno. Ou seja, quem conseguir o apoio do ex-governador fluminense terá, praticamente, a vitória nas mãos.

Entretanto, não era essa a pretensão alimentada pelo partido-ônibus para a eleição de outubro. Houve o esboço duma arregimentação das bases mediante a discussão nacional do projeto coordenado pelo ex-presidente do BNDES, economista Carlos Lessa. A tentativa teve duas ou três etapas e acabou arquivada pelo débil interesse despertado.

Além disso, e o reconhecimento é geral, os encontros do PMDB serviam apenas de palanque para o enfant terrible da política brasileira.

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