O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye, concordaram nesta quarta-feira (16) em dar início a negociações para a composição de um governo de união com base em um programa elaborado em conjunto que deixaria implícito o reconhecimento de Israel, informaram autoridades locais.
Abbas lidera a facção política moderada Fatah; Haniye é um líder do Hamas, um grupo radical islâmico convertido em partido político que venceu por ampla margem as eleições gerais palestinas de janeiro, conquistando a chefia de governo.
Analistas, porém, duvidam de um rápido consenso entre as facções políticas rivais. Mesmo que a aliança seja formada, é possível ainda que ela não obtenha o reconhecimento que a comunidade internacional recusou-se a dar ao governo eleito do Hamas.
O Ocidente recusa-se a apoiar a ANP a não ser que o Hamas reconheça explicitamente Israel, renuncie à violência e aceite acordos de paz interinos fechados entre israelenses e palestinos no passado.
O Hamas recusa-se a reconhecer abertamente Israel. E mesmo numa plataforma mais moderada de uma eventual coalizão Hamas-Fatah, é provável que o governo palestino não atenda plenamente às exigências externas, caso o reconhecimento seja apenas implícito.
O início das negociações entre a Fatah e o Hamas foi decidido durante uma reunião realizada hoje entre Abbas e Haniye na Cidade de Gaza. "Nós concordamos em dar início às discussões para a formação de um governo com base no Acordo de União Nacional", declarou Haniye ao deixar a reunião.
O Acordo de União Nacional foi elaborado recentemente por representantes das duas facções rivais e engloba o reconhecimento implícito de Israel.
Em episódios de violência ocorridos hoje, um ataque aéreo israelense a uma casa de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, provocou a morte de duas pessoas, informaram autoridades locais.
O ataque ocorreu na manhã de hoje. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas. A casa atacada foi totalmente destruída, disseram fontes hospitalares.
O Exército israelense alega que a casa atacada era usada para armazenar as armas de grupos militantes e diz ter alertado aos moradores que deixassem o local. A casa atacada pertencia a Hassan Shaath, um líder local das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, mas ele não estava entre as vítimas, disseram testemunhas.
Também hoje, soldados israelenses mataram dois homens que aparentemente tentavam atravessar a barreira que separa a Faixa de Gaza de Israel.