O diretor-executivo do Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, afirma que a instalação de fábricas de semicondutores no Brasil poderia ser um símbolo de que o país entrou efetivamente na era da nova tecnologia de informação.
"É uma oportunidade para que a gente passe a ter aquilo que não conseguiu nas últimas décadas e que outros países conseguiram: a indústria nessa área importantíssima de componentes eletrônicos", destacou Almeida, professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
Com as discussões sobre o padrão de televisão digital a ser adotado pelo governo brasileiro, japoneses e europeus acenaram com a possibilidade de estudar a instalação no Brasil de fábricas de semicondutores, matéria-prima na produção dos microchips, presentes em equipamentos eletrônicos como computadores, televisões e telefones celulares. Para o diretor-executivo do Iedi, a "moeda de troca" é, sem dúvida, tentadora.
"O Brasil não fez uma boa industrialização nesse ramo de eletrônica; pelo contrário, perdeu indústria nos últimos 15 anos. Essa é uma chance importante para a gente, acho que é uma das coisas mais importantes para a TV digital", avaliou.
No entendimento do professor, uma dos principais vantagens para o Brasil seria o emprego de mão-de-obra qualificada. "Uma fábrica como essa emprega gente muito qualificada, é um estímulo enorme para a gente continuar a formar profissionais qualificados, por exemplo, na área de engenharia", disse.
"Temos capacitação da nossa mão-de-obra nessas áreas, e esse é um belo pretexto para que a gente possa desenvolver essa mão-de-obra aqui no Brasil", reforçou.
Atualmente, o Brasil desembolsa cerca de US$ 2,5 bilhões por ano só com a importação de microchips, de um total de aproximadamente US$ 5,2 bilhões gastos com a compra de equipamentos e componentes eletrônicos.
Para o diretor-executivo, além de diminuir os gastos com importação, outro benefício é que a produção nacional desses componentes eletrônicos poderá fazer com que o Brasil se firme como país exportador. "Normalmente, uma fábrica dessa que se instala no país é uma fábrica que também exporta. Isso é importante porque podemos pensar em ter uma produção local que reduza as nossas importações, para poder passar a ser exportador".
De acordo com Henrique de Oliveira Miguel, coordenador de Microeletrônica do Ministério de Ciência e Tecnologia, além de países europeus e asiáticos, os Estados Unidos também estão interessados em instalar no Brasil a produção de semicondutores.
