Expulsão de brasileiros

Expulsões repetidas de brasileiros que viajam para o exterior têm causado justa revolta não só nas vítimas e seus familiares, mas em toda a Nação. É inaceitável a forma como têm sido tratados nossos concidadãos quando viajam para certos países, principalmente europeus, onde são vistos como criminosos, são colocados em prisões e depois deportados. Não se leva em conta se são profissionais liberais, cientistas, professores ou mesmo turistas com o objetivo de passar alguns dias na Europa, não raro em missões das mais respeitáveis.

Recentemente uma cientista da Universidade de São Paulo, quando se dirigia como convidada a um simpósio em Portugal, ao fazer escala em Madrid, foi presa e expulsa daquele país, enviada de volta ao Brasil. Fato amplamente noticiado foi do médico brasileiro-libanês que, ao ir a Beirute visitar familiares e encontrar-se com a esposa e filhos, foi detido como terrorista. A intervenção pronta e enérgica de nossas autoridades conseguiram sua liberdade, não sem antes sofrer os maiores constrangimentos.

Na Inglaterra a coisa não tem sido diferente. Não são poucos os brasileiros que tendo pisado solo inglês com os mais legítimos propósitos, sem nenhuma intenção de emigração ilegal, acabam detidos e expulsos arbitrariamente. Nos tratam como povo de terceira categoria quando, no Brasil, os estrangeiros recebem tratamento amistoso, quando não até privilegiado.

Nossa revolta, que é justa, não deve, entretanto, esconder a realidade de que milhares de brasileiros, há muitos anos, buscam deixar o nosso país e instalar-se nos Estados Unidos e em países da Europa, principalmente França, Espanha e Inglaterra, em busca de melhores condições de vida. E, para tanto, sujeitam-se a situações vexatórias, que vão do subemprego à vida na ilegalidade, quando não a prisões, processos e deportações.

É evidente que tal não aconteceria fosse o Brasil o paraíso que tanto proclamamos e do qual tanto nos orgulhamos. Temos de reconhecer que vivemos uma dura situação econômica e social que impele muitos de nossos concidadãos a aceitar as piores condições de vida como imigrantes ilegais em países mais desenvolvidos. Fosse este país a maravilha que nossas autoridades proclamam e o inverso estaria acontecendo. Tudo faríamos para aqui ficar e o sonho de viver nos Estados Unidos ou em países da União Européia inexistiria.

Os mais recentes eventos de detenções e expulsões de brasileiros têm ocorrido na Espanha, país que vem tratando nossos conterrâneos de forma arbitrária. Mas, para que não confundamos injustiças com os resultados de maus conceitos fundados que brasileiros plantam no exterior, devemos nos recordar de recente notícia que ganhou as páginas dos jornais do mundo inteiro. Nas ilhas turísticas espanholas, em especial as Baleares, oito em cada dez prostitutas são brasileiras. Tal estatística não é um bom cartão de visitas. E nos alerta para a obrigação que é nossa de buscarmos evitar o tráfico de mulheres para outros países, exploradas pela indústria da prostituição. Da mesma forma temos de evitar a emigração ilegal, impedindo que deixem o território nacional conterrâneos em busca de uma situação econômica e social melhor em países mais desenvolvidos, fiscalizando as condições em que viajam e detectando previamente a ilegalidade de sua movimentação. Os protestos são legítimos, mas o essencial é estruturarmos um Brasil onde valha a pena viver e aventuras em outros países se tornem indesejáveis.

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